Não será fácil para o Executivo retardar a votação da reforma do Código Florestal, como quer o líder governista, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). Nesta sexta-feira, o DEM apresentou à mesa diretora da Câmara um requerimento para colocar a matéria em discussão na próxima terça.
"A ideia é votar o relatório do Aldo (Rebelo, relator do novo código) e depois aprovar em separado a nossa emenda", afirmou à Reuters o líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA).
A emenda dos oposicionistas é tudo o que o governo não quer que seja aprovado e a expectativa de derrota é o que motivou o adiamento da votação na última quarta-feira.
"Queremos manter esse clima vivo", disse ACM Neto.
Vaccarezza diz que a proposta do DEM anistia o uso indiscriminado das áreas de preservação permanente (APPs). O partido rejeita essa avaliação. O governo quer aprovar o relatório de Rebelo sem alterações. A iniciativa da oposição pode encontrar apoio até formal de alguns partidos da base, até mesmo do PMDB.
Mais cedo, o vice-presidente Michel Temer afirmou que o governo ainda trabalha para um acordo e acrescentou que, se não houver este acerto, a questão deve ser decidida no voto. Ele acredita que a votação não será realizada na semana que vem.
O líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), afirmou na quarta que o partido não vota mais nada na Câmara até que o novo Código Florestal seja apreciado.
"O líder do PMDB deu sua palavra de que quer votar. A vice-presidente da Casa (deputada Rose de Freitas) é do PMDB e espero que ela siga a orientação do seu líder", disse ACM Neto.
Para o deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), um dos articuladores da bancada ruralista, independente da orientação do líder do partido há pelos menos "50 por cento da bancada que quer apoiar a emenda da oposição e mudar o relatório", disse.
"O Vaccarezza mostrou que não tem controle no plenário nesse tema. Ele não tem garantias de que a posição do governo vai ganhar", acrescentou Colatto.
À Reuters, o líder do governo não demonstrou preocupação com o requerimento do DEM. "É legítimo o requerimento, mas nós somos contra. Eu quero votar medidas provisórias na próxima semana", comentou.
Se o requerimento da oposição for aprovado, ainda haverá alguns instrumentos regimentais que os governistas podem adotar para adiar a votação, mas como o sentimento na Câmara a favor de fazer essa discussão em plenário é quase majoritária há risco para a posição governista.
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