A presidente Dilma Rousseff foi quem deu o argumento que faltava para que Alfredo Nascimento tomasse a iniciativa de se demitir, na quarta-feira, facilitando a vida do Palácio do Planalto para concluir a operação de troca de comando no Ministério dos Transportes iniciada no fim de semana com a saída de quatro subordinados do ministro. Quando Nascimento soube que Dilma convocou um técnico para discutir assuntos da pasta, percebeu que estava na cadeira, mas que já deixara de ser o ministro de fato e entregou a carta de demissão.
Com a saída de Nascimento, a terceira queda de um ministro em pouco mais de seis meses de governo, Dilma mantém a relação com o Congresso como o ponto mais vulnerável, até agora, da sua gestão.
Dilma convocou o secretário executivo dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, que assumiu interinamente a pasta, e a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, para uma reunião, no Palácio do Planalto, na qual o assunto em discussão era a malha ferroviária.
Enquanto seu subordinado se reunia com a presidente, Nascimento foi para a sede do PR redigir o texto que seria entregue ao chefe de gabinete do Planalto, Giles Azevedo. Nascimento estava na sede do partido com o deputado Valdemar Costa Neto, secretário-geral do PR, e apontado como um dos comandantes do suposto esquema de cobrança de propina em contratos da pasta.
A situação do ministro já se mostrava delicada pela manhã. A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, pediu uma reunião com o comando da bancada do PR na Câmara. O pedido inesperado fez o líder, Lincoln Portela, improvisar um almoço em sua casa com parte da bancada e a ministra. No encontro, Ideli sugeriu que Nascimento antecipasse sua ida ao Senado para explicar as denúncias do suposto esquema de corrupção no ministério. O acerto anterior feito com o próprio ministro era para que os depoimentos fossem na semana que vem.
A pressa do Planalto foi motivada pela divulgação de novas reportagens com revelações de enriquecimento do filho do ministro, Gustavo Pereira, e da construção em Brasília de uma mansão do chefe de gabinete do ministério exonerado depois das denúncias do final de semana, Mauro Barbosa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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