O depoimento dos delegados Raul Alexandre Marques e Matheus Mella Rodrigues, ambos da Polícia Federal, reforçou a relação próxima entre o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Durante o depoimento feito ontem ao Conselho de Ética do Senado, os delegados confirmaram a existência de 416 ligações entre Cachoeira e Demóstenes e a citação do nome do senador por outras pessoas do esquema do contraventor em 293 interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal.
"Eles reafirmaram o que disseram na CPI de que a relação entre o senador Demóstenes e Cachoeira era mais do que pessoal", disse o senador Humberto Costa (PT-PE), relator do processo de cassação de Demóstenes no Conselho de Ética.
"Ficou clara a ligação de Demóstenes com Cachoeira", afirmou Ciro Nogueira (PP-PI). Também estão convencidos de que Demóstenes usou seu mandato de senador para tentar beneficiar negócios de Cachoeira.
Estratégia da defesa
O advogado de defesa de Demóstenes, Antonio Carlos de Almeida Castro, vai tentar anular as provas produzidas pelas operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal, contra o senador. Ele alega que a polícia não poderia ter investigado Demóstenes, sem autorização do Supremo Tribunal Federal (STF)."Vou mostrar aos senadores que um senador da República foi investigado durante meses de forma ilegal", disse Kakay, como é conhecido o advogado
Segundo Kakay, os depoimentos dos delegados responsáveis pelas operações Vegas e Monte Carlo na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, no último dia 8, comprovam que houve uma manobra para investigar o senador de forma camuflada.
"Os depoimentos dos delegados deixaram claro que desde 2009 havia uma investigação ferrenha, fechada, contra o senador Demóstenes. O que eu tenho dito na minha reclamação no Supremo foi comprovado aqui. Está comprovada uma burla clara, eu diria quase criminosa à Constituição da República", acrescentou Kakay.
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