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Doático (PMDB) e André Passos (PT): denúncia ao Ministério Público e TC | Daniel Derevecki/Gazeta do Povo
Doático (PMDB) e André Passos (PT): denúncia ao Ministério Público e TC| Foto: Daniel Derevecki/Gazeta do Povo

Oposição pede investigação

Kátia Chagas

A oposição ao prefeito Beto Richa aproveitou a divulgação da denúncia para protocolar ontem na Assembléia Legislativa, no Tribunal de Contas e no Ministério Público um pedido de investigação do caso. O presidente municipal do PT, André Passos, disse que a Assembléia pode ajudar a Polícia Civil fornecendo a documentação sobre as nomeações durante o período em que Beto Richa foi deputado. Para o presidente municipal do PMDB, Doático Santos, a denúncia tem de ser apurada porque seria um caso de "improbidade administrativa" envolvendo o prefeito. O grupo também foi formado pelo presidente estadual do PCdoB, Milton Alves, e pelo vice-presidente estadual do PV, Aluízio Nascimento. Todos são partidos com candidatos à prefeitura de Curitiba. O presidente da Assembléia Legislativa, Nelson Justus (DEM), disse que o grupo parecia um "bloco de desesperados". Segundo ele, a Assembléia não vai se envolver em "picuinhas eleitorais".

Uma denúncia feita à Polícia Civil do Paraná e divulgada pela Folha de S. Paulo Online está mexendo com a eleição em Curitiba nesta reta final de campanha. O caso trata de supostos funcionários "fantasmas" do gabinete de Beto Richa (PSDB) quando ele ainda era deputado estadual (1995 a 2000). O denunciante foi o advogado Guilherme Gehlen. A oposição agarra-se nesta chance para tentar reverter os altos índices de intenção de voto do prefeito, acima de 70% segundo as pesquisas eleitorais.

De acordo com os documentos apresentados por Gehlen e investigados pela polícia, três pessoas (duas mulheres e um homem) seriam os fantasmas do gabinete de Richa. Todos prestaram depoimento ao delegado Renato Figueiroa, do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) no último fim de semana.

"Um amigo meu me trouxe os documentos e resolvi encarar a situação. Não acho plausível o prefeito ser carimbado com essa aprovação sem passar pelo crivo desse caso. Analisei os dados e vi que eram fortes. Por isso, encaminhei à polícia. Para que apurassem melhor", disse Gehlen, garantindo saber que a origem da denúncia levada a ele é política. "Mas não tenho vínculo com partido nenhum." Ele, porém, admitiu que no início da carreira trabalhou em um escritório de advocacia que tinha o PT, que faz oposição a Richa, entre os clientes. "Mas isso faz tempo."

A polícia ouviu três supostos fantasmas. Um deles, Ivo Ferreira de Oliveira, era um pedreiro homônimo de um ex-funcionário de Beto Richa (leia mais sobre essa caso na página 17). O funcionário que efetivamente teria de ser ouvido não foi. Além dele, outras duas mulheres depuseram à polícia.

Divair Antônia de Almeida Cardoso, que foi uma das citadas como fantasma, disse à polícia que trabalhou com Richa na Assembléia Legislativa nos anos de 1995 e 1996. Porém, o Ato 140/97 da Comissão Executiva do Legislativo revela que ela foi nomeada para o gabinete de Beto Richa no dia 1º de abril de 1997.

A outra denunciada, Maria Margarete Ribas Nalovaike, afirmou ao delegado que nunca trabalhou na Assembléia Legislativa. A nomeação dela ocorreu no mesmo ato que nomeou Divair. De acordo com Margarete, quem trabalhou efetivamente para Beto Richa, como motorista, foi o seu falecido marido, Rodolfo Spengler Filho. Segundo ela, seu marido também foi motorista do ex-governador e pai de Beto Richa, José Richa.

As duas, ao serem procuradas pela reportagem, disseram que não teriam nada a declarar e que o advogado delas, Jorge Miguel Piloto Netto, iria falar por elas. Piloto, que já prestou alguns serviços para o PSDB de Richa, afirmou não saber como suas clientes foram envolvidas na história.

"São acusações vagas. Elas trabalharam para o Beto Richa", afirmou Netto, alegando desconhecer o ato de nomeação de Divair em 1997. Quanto às declarações de Margarete à polícia, o advogado disse que o depoimento foi "floreado", pois ela não teria dito o que está no documento e se apresentou ao delegado sem a presença dele. Ele afirmou que vai tomar as medidas cabíveis. Netto garantiu ainda que, atualmente, não está trabalhando para Beto Richa.

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