![Denúncia contra Cunha amplia clima de tudo ou nada da crise política Cunha, envolvido na Lava Jato, ainda conta com apoios expressivos. Mas grupo de deputados pedirá que ele se afaste do comando da Casa. | GustavoLima/Agência Câmara](https://media.gazetadopovo.com.br/2015/08/506d8534cea7c461e6f38ff97d9463fa-gpLarge.jpg)
A apresentação da denúncia da Operação Lava Jato contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao Supremo Tribunal Federal (STF) amplia o ambiente de tudo ou nada da crise política que atinge o governo Dilma Rousseff. O encaminhamento deve ser formalizado hoje pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e provocar um reequilíbrio de forças no Congresso entre situação, aliados descontentes e a oposição. Nesta quarta-feira (19), um grupo de 12 parlamentares de PT, PSB, PSC e PSol começou a preparar o pedido de afastamento de Cunha da presidência da Casa até a conclusão das investigações.
Deputados preparam pedido de afastamento de Eduardo Cunha
Leia a matéria completaJanot: Câmara é escudo de cunha
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) tenta usar a Câmara e os parlamentares “como escudo”. Em ofício enviado à Câmara, Janot ainda classificou de “levianas” as declarações de Cunha de que uma diligência feita pela Procuradoria no sistema de informática da Casa permitiu o acesso a informações de todos os 513 deputados. A diligência havia sido feita para investigar se Cunha era o verdadeiro autor de requerimentos de informações da ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ) que, segundo delatores da Operação Lava Jato, serviram para achacar o representante de uma empresa que devia o pagamento de propina para o peemedebista. Cunha preferiu não polemizar com Janot. Disse apenas que “os poderes têm que ser respeitados”. Ele negou ainda que, devido à denúncia, fará qualquer tipo de retaliação ao governo, como uma possível aceleração de um processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
O peemedebista é acusado de ter recebido US$ 5 milhões em recursos desviados da Petrobras, segundo delação premiada feita por Júlio Camargo, ex-consultor da empresa Toyo Setal. O deputado já aparecia em uma primeira lista de 47 políticos indiciados a pedido de Janot. A denúncia, possivelmente pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, é o primeiro passo para que ele seja transformado em réu, o que depende de decisão da 2.ª turma do STF.
Nos bastidores, Cunha reagiu dizendo a aliados que o desdobramento faz parte de um “acordão” entre governo e Procuradoria-Geral da República para tirar do Palácio do Planalto o foco da crise. À imprensa, afirmou que só se manifestaria depois da apresentação formal da denúncia. “Ele demonstrou tranquilidade, até porque não chega a ser uma surpresa o que está acontecendo. Mas o Eduardo joga sempre na ofensiva”, disse o deputado paranaense João Arruda (PMDB), após se encontrar com o colega, no começo da tarde desta quarta.
O comportamento contrasta com o de meados de julho, quando houve a divulgação do depoimento de Camargo. Na época, Cunha anunciou o rompimento com o governo e desengavetou pedidos de impeachment contra Dilma. Na volta do recesso parlamentar, dia 4 de agosto, ele acendeu de vez a pauta-bomba, com a votação de propostas que aumentam gastos do governo e prejudicam a implantação do ajuste fiscal.
Por enquanto, o presidente da Câmara não perdeu o apoio da oposição. Em reunião realizada nesta quarta, líderes do PSDB, DEM, PPS e SD entraram em consenso de que qualquer ação política pelo afastamento de Cunha só deve ser apoiada caso o STF acatar a denúncia. “Aí sim haveria um marco jurídico, até lá ele tem direito de se defender”, afirmou o líder do PPS, Rubens Bueno (PR).
A proteção é ainda mais aberta entre os tucanos. “Investigação não é condenação”, declarou Alfredo Kaefer (PSDB-PR). Se abandonarem Cunha, os oposicionistas temem que ele seja efetivamente afastado do cargo ou que decida por uma reaproximação com o governo. Cabe ao presidente da Câmara acolher ou não os pedidos de impeachment e dar o pontapé inicial de um possível processo de afastamento da presidente.
Líderes do PT também evitaram atacar Cunha, apesar de alguns representantes da sigla comporem o grupo que defende a saída do peemedebista. Por enquanto, a crítica mais dura foi do PSol. Segundo o líder do partido, Ivan Valente (SP), o afastamento é fundamental para que Cunha não use o cargo para atrapalhar as investigações.
Collor também deve ser atingido; Supremo pode demorar para decidir se acata denúncias
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deve ser denunciado ao STF junto com outros parlamentares. São nomes dados como certos na nova lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, os senadores Fernando Collor (PTB-AL) e Ciro Nogueira (PP-PI). Ambos também são acusados de receber propina desviada da Petrobras, segundo investigações da Operação Lava Jato.
A inclusão de mais nomes tende a estender o desdobramento do processo. O recebimento da denúncia precisa ser julgado pela 2.ª Turma do STF, composta por cinco ministros e presidida por José Antonio Dias Toffoli. Como comparação, o então procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, apresentou denúncia contra 40 acusados de envolvimento no mensalão em março de 2006, mas o recebimento só foi julgado em agosto de 2007.
“Há muita coisa para acontecer ainda. Pelo ritmo da Justiça, não acredito em condenação ou absolvição até 2018”, previu o vice-líder do governo, deputado Ricardo Barros (PP-PR). (AG)
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