Um documento divulgado ontem pelo jornal Folha de S.Paulo trouxe uma nova denúncia envolvendo a multinacional Alstom e o governo de São Paulo. O documento apreendido na sede da Alstom, na França, indica que integrantes da Secretaria de Energia e três diretorias da Empresa Paulista de Transmissão de Energia (EPTE) foram subornados para que a companhia obtivesse em 1998 um contrato de US$ 45,7 milhões (R$ 52 milhões, no câmbio da época).
Em entrevista coletiva ontem, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse que aguardará o andamento das investigações para tomar providências. "Em relação a essa denúncia da Alstom, quero aqui reiterar o nosso compromisso com a investigação. Tem que se aguardar o resultado da investigação que está em curso, nós queremos que ela se faça o mais rápido possível. É um fato ocorrido a 16 anos atrás, nós queremos que se tenha o resultado dessa investigação", disse o governador.
"Tem dados que nós ficamos sabendo pela imprensa. Nós estamos fazendo [as investigações]. O doutor Gustavo Ungaro [presidente da Corregedoria Geral da Administração de São Paulo] está debruçado 24 horas sobre isso", disse Alckmin sobre a revelação de nova denúncia.
À época da assinatura do contrato, em abril de 1998, o secretário de Energia era Andrea Matarazzo (atualmente vereador da capital paulista), que ocupou o cargo por seis meses. Ele nega ter recebido propina. Entre 1998 e 1999, as diretorias administrativa, técnica e financeira da EPTE eram ocupadas por Carlos Eduardo Epaminondas França, Sidney Simonaggio e Vicente Okazaki, respectivamente. O valor do suborno no documento chega a R$ 6,4 milhões, ou 12,3% do contrato.
À Folha de S.Paulo, a Alstom, os ex-diretores da EPTE e demais citados negaram ter participado de qualquer esquema envolvendo suborno.
Histórico
Essa é a segunda denúncia que envolve a empresa francesa e o governo de São Paulo. Em julho de 2013, foi revelada a existência de um sistema de cartel em licitações de linhas de trem e metrô do estado durante gestões tucanas, delatado pela multinacional alemã Siemens. O esquema envolvia, além de Alstom e Siemens, a canadense Bombardier, a espanhola CAF e a japonesa Mitsui.