Quase um ano depois do escândalo do "mensalão" do DEM no Distrito Federal, saiu a primeira denúncia à Justiça. Os promotores Leonardo Bandarra e Deborah Guerner foram formalmente denunciados por envolvimento no esquema de corrupção em Brasília. Bandarra era, até julho deste ano, o procurador-geral de Justiça, cargo que chefia o Ministério Público (MP) local. Guerner é apontada na investigação como sua parceria na atuação dentro do esquema.
A denúncia está sob sigilo judicial e foi protocolada pelo Ministério Público Federal (MPF) no gabinete do desembargador Antônio Souza Prudente, que preside o inquérito no Tribunal Regional Federal (TRF) contra os dois promotores.
Bandarra e Deborah Guerner são acusados de cobrarem propina do ex-governador José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM) para proteger seu governo dentro do Ministério Público do DF. Um outro inquérito tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre o esquema de corrupção no DF. A investigação sobre os dois promotores corre separadamente no TRF.
De acordo com a apuração, em troca de dinheiro, Bandarra usava o poder de dirigente do MP para dar informações privilegiadas sobre investigações conduzidas por promotores e barrar apurações que pudessem comprometer Arruda, como as relacionadas aos contratos de lixo. Em depoimento, Durval Barbosa - delator do esquema - disse que Bandarra recebeu R$ 1,6 milhão de propina. Deborah Guerner seria a intermediária nas negociações com o governo de Arruda.
A denúncia apresentada à Justiça baseia-se em depoimentos, perícias e dados de sigilos telefônicos, entre outros elementos de investigação. Numa operação de busca e apreensão, a PF encontrou dinheiro num cofre enterrado na casa de Deborah Guerner. Ela e Bandarra já sofrem um processo disciplinar no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
Segundo Durval, Arruda chegou a revelar, numa conversa reservada que Bandarra recebia R$ 150 mil mensais de propina. O promotor sempre negou as acusações. Procurado pela reportagem, o advogado de Deborah Guerner, Pedro Paulo de Medeiros, disse que não comentará a denúncia porque o processo corre sob sigilo.
Braga Netto repassou dinheiro em sacola de vinho para operação que mataria Moraes, diz PF
Defesa de Braga Netto diz que provará que não houve obstrução das investigações
Parlamentares de direita e integrantes do governo repercutem prisão de Braga Netto
Da revolução à ruína: a fraqueza original que selou o destino do comunismo soviético