Brasília (AE) Condenados pelo relatório do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), os 18 parlamentares citados por quebra de decoro parlamentar já se articulam para tentar salvar seus mandatos no plenário da Câmara, onde o voto é secreto. Deputados populares na Casa, como João Paulo Cunha (PT-SP) e Professor Luizinho (PT-SP), têm procurado os colegas para explicar sua situação, dizer que são inocentes e pedir voto de apoio.
Historicamente, é real a chance de absolvição de alguns parlamentares, mesmo que sejam condenados também pelo Conselho de Ética. Na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Anões do Orçamento, iniciada em outubro de 1993 e concluída em janeiro de 1994, o deputado Roberto Magalhães pediu a cassação de 18 parlamentares no seu relatório. Nada menos do que oito deles foram absolvidos depois na votação em plenário, incluindo pesos pesados da época como Ricardo Fiúza e Aníbal Teixeira, ambos ex-ministros.
Pressão
"Há esse risco real de absolvição pelo plenário, mas a pressão da opinião pública ajuda a fazer com que os parlamentares pensem duas vezes antes de votarem contra a cassação de alguém que tenha participado das irregularidades", avalia o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), titular da CPI dos Correios.
O grupo de parlamentares acusados do PP tem se reunido com freqüência, por exemplo, até na casa do presidente da Câmara Severino Cavalcanti (PE), para discutir estratégia de defesa. O grupo tem quatro deputados entre os acusados: José Janene (PR), Pedro Correa (PE), Pedro Henry (MT) e Vadão Gomes (SP). Todos têm grande influência na legenda e praticamente asseguram os votos de toda a bancada do PP.
Existe ainda uma articulação política sendo negociada pelo PP com parlamentares do PL e do PTB para acordo de apoio mútuo. Em troca de votos pela absolvição dos quatro deputados do partido, o PP atuaria em peso contra a cassação dos deputados do PL e PTB que também estão sendo acusados. O PL tem entre os acusados Sandro Mabel (GO) e Vanderval Santos (SP). O PTB tem Roberto Jefferson (RJ) e Romeu Queirós (MG). A única exceção na estratégia seria o caso de Jefferson, que o PP não admite poupar por considerá-lo responsável pelas acusações contra seus parlamentares.
Tática do PT
O grupo de acusados petistas também está operando politicamente para tentar escapar das punições. Os integrantes do grupo concordam que a situação mais grave é a do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, por conta da pressão da opinião pública pela sua punição.
Mas, na última quinta-feira, conseguiram que o deputado Osmar Serraglio não incluísse no seu relatório a tipificação de supostos crimes que tivessem cometido. Em troca disso, aceitaram não atrapalhar a votação do relatório parcial de Serraglio.
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