O diretor administrativo-financeiro da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), Augusto Ermétio Dias Júnior, um dos coordenadores da campanha do prefeito Nedson Micheleti nas eleições do ano passado, renunciou ontem ao cargo. Pressionado, Dias Júnior é a primeira vítima das denúncias de Soraia Garcia, ex-assessora financeira do PT que acusou o suposto esquema de caixa 2 nas últimas eleições municipais.
As denúncias motivaram abertura de investigações pela Polícia Federal (PF) e Ministério Público Eleitoral (MPE). Soraia acusa Dias Júnior de ter recebido na própria conta três cheques de R$ 10 mil cada, vindos de doações irregulares de campanha. Além disso, ela responsabiliza diretamente o ex-diretor da CMTU pela entrega, em sacolas, de dinheiro ilegal ao comitê financeiro da campanha.
A ex-assessora afirmou que recebia do ex-diretor a atribuição para cumprir funções de campanha no setor financeiro. "Ele ficava mais de 20 dias sem nem aparecer no comitê financeiro e deixava tudo para mim", disse Soraia, para quem Dias Júnior era "desorganizado e desleixado" com relação aos recibos e notas fiscais utilizados para a prestação de contas da campanha.
Versão oficial
Dias Júnior comunicou o seu desligamento da companhia por nota à imprensa e se responsabilizou integralmente pela entrada de Soraia na campanha em 2004. Na nota, Dias Júnior alega que a presença da ex-assessora na campanha se deu "exclusivamente a meu convite, atendendo a um encarecido pedido da mãe dela, a quem conheço há dezenas de anos".
De acordo com o ex-diretor, a ex-assessora jamais teve contato ou relação com dirigentes do PT "e muito menos com o prefeito Nedson Micheleti". "A mãe de Soraia, portadora de doença renal crônica, passava por dificuldades financeiras e me solicitou ajuda para manter o tratamento de hemodiálise e o sustento de sua família."
Dias Júnior diz ainda que sempre confiou e acolheu Soraia e que as declarações da ex-assessora que o envolvem causaram "constrangimento a minha pessoa". "Com sua traição, fico em uma situação desconfortável dentro da administração municipal e perante o prefeito Nedson Micheleti", diz trecho da nota.
Após redigir a nota na CMTU, ainda pela manhã, Dias Júnior foi ao gabinete do prefeito Nedson, que aceitou formalmente a demissão. "Ele estava visivelmente constrangido e pediu desculpas ao prefeito por tudo o que aconteceu", afirmou Jacks Dias, presidente do PT de Londrina.
Pelo telefone, Dias Júnior disse que só falará à imprensa depois que tiver conhecimento do inteiro teor do depoimento de Soraia à PF e ao MPE. À tarde, ele manteve-se reunido com seus advogados e não quis revelar detalhes de sua defesa. Ele deve ser o próximo convocado da PF a prestar depoimento sobre o caso.
Ontem mesmo o prefeito definiu que Antônio Carlos Kasprovicz assumirá o cargo de diretor-financeiro. Kasprovicz é atualmente diretor administrativo-financeiro da Cohab de Londrina, mesmo cargo ocupado por Dias Júnior na época da campanha.
Símbolo da autonomia do BC, Campos Neto se despede com expectativa de aceleração nos juros
Após críticas, Randolfe retira projeto para barrar avanço da direita no Senado em 2026
Novo decreto de armas de Lula terá poucas mudanças e frustra setor
Câmara vai votar “pacote” de projetos na área da segurança pública; saiba quais são
Deixe sua opinião