Câmara de Curitiba: vereadores e servidores receberam verba de publicidade da Casa| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Cobrança

População espera respostas dos vereadores

Os eleitores de Curitiba não aceitam que seus vereadores fiquem calados diante das denúncias de uso irregular da verba de publicidade da Câmara Municipal feitas pela série "Negócio Fechado", da Gazeta do Povo e RPC TV. Levantamento realizado pelo instituto Paraná Pesquisas mostra que 57% dos eleitores da capital querem que o vereador que recebeu seu voto ajude a esclarecer como foram feitos os gastos dessa verba. Já outros 28% querem que ele se manifeste a respeito do assunto. Apenas 10% preferem que seu candidato não se envolva na polêmica.

Para o diretor do instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, isso mostra que os vereadores que não estão envolvidos nas denúncias devem tentar colaborar com os processos de investigação. "Se eu pudesse dar um conselho para os vereadores, seria para que eles se manifestassem", afirma. O cientista político da Universidade Federal do Paraná Ricardo Costa de Oliveira acredita que a postura é importante também para a melhora da própria imagem do Legislativo municipal. "Os vereadores terão de convencer o eleitor de que nem todos estão envolvidos ou atuam de forma corporativista. Há de se separar entre os que fazem seu trabalho e os envolvidos em denúncias", opina.

Cobrança

A pesquisa ainda revela que as suspeitas de irregularidasdes devem aumentar a cobrança dos eleitores sobre os vereadores. Dos entrevistados, 74% disseram que as notícias farão com que eles cobrem mais o vereador em quem votaram. (CM)

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Richa admite que partido pode punir Derosso e outros tucanos

O governador Beto Richa (PSDB) afirmou ontem que seu partido deve adotar medidas para punir os vereadores acusados de irregularidades no uso de verba de publicidade na Câmara de Curitiba, denunciadas pela Gazeta do Po­­vo e pela RPCTV na série de reportagens "Negócio Fechado". Desde que apareceram no meio do ano passado as primeiras denúncias a respeito dos contratos de publicidade da Câmara, essa é a primeira vez que o governador admite em público que o PSDB deverá se antecipar às investigações do Ministério Público e de outros órgãos de controle e aplicar sançãoes internas aos parlamentares envolvidos.

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Garcez: colocou cargo no Conselho de Ética à disposição

As novas denúncias de irregularidades na Câmara de Curitiba influenciarão a escolha da maioria dos eleitores curitibanos que tomaram conhecimento dos fatos denunciados pela série de reportagens "Negócio Fechado", da Gazeta do Povo e RPC TV. Se­­gundo levantamento do instituto Paraná Pesquisas, 81% dos eleitores que estão a par das suspeitas vão levar isso em consideração na hora do voto neste ano.

A pesquisa também mostra que 65% dos curitibanos tomaram conhecimento das novas denúncias envolvendo os contratos de publicidade do Legislativo municipal. O levantamento foi realizado entre os dias 26 e 29 de abril, com 450 moradores de Curitiba e maiores de 16 anos. A margem de erro é de 4,5%, para mais ou para menos.

O cientista político da Uni­­versidade Federal do Paraná (UFPR) Ricardo Costa de Oli­­veira avalia que o impacto eleitoral das denúncias envolvendo a Câmara deve ser maior do que o causado na eleição para a Assembleia Le­­gislativa pela série "Diários Secretos". Feita pela Gazeta do Povo em parceria com a RPC TV em 2010, a série revelou o desvio de dinheiro público no Legislativo estadual.

"As denúncias do poder local sempre têm mais impacto, uma vez que há uma proximidade maior entre os eleitores e os candidatos", afir­­ma Oliveira. Ele explica­­ que por o eleitorado ser mais restrito, os candidatos que estão envolvidos nas denúncias não podem buscar outras bases onde o conhecimento dos fatos seja menor. A tendência, segundo o cientista político, é que haja também uma grande renovação dos quadros.

A influência das denún­­cias na eleição majoritária divide opiniões. Para Oli­­vei­­ra, as suspeitas de irregu­­laridades na Câmara podem­­ prejudicar a campanha à reeleição do prefeito Lunciano Ducci (PSB). Isso porque a maioria dos envolvidos faz parte da base de apoio de Ducci na Câ­­mara, o que pode ser usado como arma eleitoral pelos adversários do prefeito.

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Por outro lado, o diretor do Paraná Pesquisa, Murilo Hidalgo, considera que o assunto não entrará na agenda dos candidatos à prefeitura porque as denúncias envolvem vereadores de vários partidos. Desse modo, todos teriam um pouco a perder ao tocar no assunto.

As denúncias

A série "Negócio Fechado" mostrou irregularidades en­­volvendo os contratos de­­ publicidade da Câmara. Fun­­cionários e ex-funcionários do gabiente dos vereadores Algaci Tulio (PMDB), João Cláudio Derosso (PSDB), Emer­­son Prado (PSDB), Roberto Hin­­ça (PSD) e do atual presidente da Casa, João Luiz Cordeiro (PSDB), se beneficiaram de verbas para a divulgação da Casa. Além disso, o jornal Folha do Boqueirão, que era presidido pelo presidente do Conselho de Ética da Casa, Francisco Garcez (PSDB), também recebeu dinheiro da Câmara.

Conselho de Ética discute saída de Garcez

O Conselho de Ética da Câmara de Curitiba deve se reunir na tarde de hoje para discutir a situação do seu atual presidente, o vereador Francisco Garcez (PSDB). O tucano deixou a presidência do Conselho à disposição dos outros componentes após seu nome aparecer em meio a denúncias da série de reportagens "Negócio Fechado". Segundo Garcez, os outros quatro vereadores que compõem o conselho – os vereadores Jorge Yamawaki (PSDB), Noêmia Rocha (PMDB), Dirceu Moreira (PSC) e Pastor Valdemir Soares (PRB) – devem decidir se ele fica ou não no cargo.

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Reportagem da Gazeta do Povo e da RPC TV mostrou que o jornal Folha do Boqueirão, dirigido por Garcez oficialmente até setembro de 2011, recebeu pelo menos R$ 31,5 mil em verbas de publicidade da Câmara desde a posse do vereador, em 2009. Garcez argumenta que se licenciou da direção do jornal assim que assumiu o mandato na Câmara. No entanto, o desligamento do vereador da direção do jornal só foi oficializado em setembro de 2011. De acordo com ele, isso ocorreu por causa de um "erro técnico".