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Atualizado em 06/09, às 18h34

O depoimento do presidente da CPI dos Sanguessugas , deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), ao Conselho de Ética do Senado complicou [O deputado Luiz Carlos Biscaia, presidente da CPI dos Sanguessugas durante depoimento ao Conselho de Ética do Senado - Ailton de Freitas/O Globo] ainda mais a situação do senador Ney Suassuana (PMDB-PB). Biscaia confirmou a íntegra da comprometedora declaração de Suassuna sobre o envolvimento de parlamentares com cobranças de propina para apresentação de emendas ao Orçamento.

A conversa entre Biscaia e Suassuna ocorreu na sala da CPI, logo no início das investigações, quando o ex-líder do PMDB teria tentado explicar o envolvimento de seu nome no esquema. Biscaia relatou a conversa com Suassuna:

- O senhor não sabia que 90% dos parlamentares tiram uma beirada das emendas, deputado? - teria perguntado Suassuna.

O deputado reagiu dizendo:

- Senador, eu desconhecia que 90% dos parlamentares cometem crimes.

Logo depois a conversa foi encerrada e Suassuna saiu.

Candidato à reeleição, Suassuna é acusado de receber mais de R$ 240 mil de propina em troca da apresentação de emendas ao orçamento para compra de ambulâncias superfaturadas. O dinheiro teria sido depositado na conta de Marcelo Carvalho, assessor do senador, a quem Suassuna acusa de ter atuado sozinho. Marcelo Carvalho depôs nesta quarta-feira a portas fechadas. O depoimento durou cerca de uma hora.

A ex-assessora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino, acusada de facilitar a liberação de emendas da máfia das ambulâncias, também depôs no Conselho de Ética do Senado, mas suas declarações trouxeram poucos esclarecimentos. Ela se limitou a falar sobre o trabalho que desenvolvia no ministério e que não recebeu propina do Grupo Planam, empresa que teria comandado o esquema. Maria da Penha chegou a chorar e disse que não possuía poder algum nas ações dos sanguessugas.

Questionada pelo senador Wellington Salgado (PMDB-MG) sobre a honestidade de Luiz Antonio Vedoin e Darci Vedoin, sócios da Planam, numa escala de zero a dez, Maria da Penha atribuiu nota "1" aos empresários. Segunda ela, a família Vedoin nunca executou os acordos profissionais e enganou muita gente.

Ainda no depoimento desta quarta-feira, Biscaia disse que Luiz Antônio Vedoin repetiu o mesmo raciocínio de Suassuna em depoimento à Justiça Federal de Mato Grosso e numa conversa terça-feira à noite. Vedoin teria classificado o pagamento de propina como uma coisa natural. Segundo Biscaia, ele argumentou que os parlamentares gastam até R$ 3 mihões para se eleger, então, seria normal tentarem recuperar esse dinheiro depois de eleitos.

- Não é todo mundo, mas posso assegurar que 70% dos parlamentares recebem uma ponta das emendas, em todas as áreas, não só na saúde - disse Vedoin, segundo relato de Biscaia.

No fim dos depoimentos desta quarta-feira, o Conselho de Ética do Senado promoveu uma acareação entre Ivo Marcelo Spíndola Rosa, genro do empresário Darci Vedoin, e Paulo Roberto Ribeiro, genro da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT). Na acareação, os dois mantiveram versões contraditórias sobre os pagamentos que teriam sido feitos pela família de Vedoin, apontada como chefe do esquema dos sanguessugas, em troca de apresentação de emendas ao Orçamento da União para compra de ambulâncias.

O relator do processo de cassação contra Suassuna, Jefferson Peres (PDT-AM) declarou na terça-feira que considera "prematuro" condenar Suassuna por envolvimento no esquema dos sanguessugas.

Na segunda-feira, o Conselho de Ética da Câmara, escolheu os relatores dos processos contra os deputados acusados de envolvimento no escândalo.

Na terça-feira, também em depoimento fechado no Conselho de Ética do Senado, Darci Vedoin, sócio da empresa Planam, desmentiu o senador Magno Malta (PL-ES) que vinha repetindo nunca ter se encontrado com ele. Segundo o senador Demóstenes Torres (PFL-GO), Darci disse que se encontrou com Magno Malta em 2002, quando ele ainda era deputado e que o senador estava acompanhado do ex-deputado Lino Rossi (PP-MT), um dos primeiros parlamentares a se envolver com a máfia dos sanguessugas. Darci confirmou ainda ter destinado um Fiat Ducatto a Malta através de Rossi.

No fim da sessão, o senador Demóstenes Torres propôs que a CPI dos Sanguessugas, a Polícia Federal ou o Ministério Público convoquem o deputado Lino Rossi (PP-MT) para depor sobre o caso. Lino Rossi não compareceu ao Conselho nesta quarta-feira. O Conselho não tem poder para convocar o deputado, pode apenas fazer um convite, que ele pode recusar.

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