A CPI mista da Petrobras vai retomar as investigações sobre o esquema de corrupção na estatal somente depois do primeiro turno das eleições, marcado para o dia 5 de outubro. O presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), marcou para o dia 8 de outubro o depoimento de Meire Poza, ex-contadora do doleiro Alberto Youssef. Desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) negou pedido de integrantes da CPI para terem acesso à delação premiada de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, a comissão de inquérito paralisou as investigações sobre a estatal. A menos de duas semanas das eleições, Vital admitiu à Folha que não há condições de os integrantes retornarem a Brasília para manter as atividades da CPI.
"Marquei o depoimento para o dia 8 porque não temos como fazer antes. Está todo mundo em campanha", afirmou. Os membros da CPI foram recebidos na última terça-feira (23) pelo presidente do STF, Ricardo Lewandowsky, que disse não ter condições de repassar o teor da delação para a comissão de inquérito até a homologação do acordo firmado pelo ex-diretor com a Justiça.
O depoimento de Meire Poza é considerado decisivo por membros da CPI porque a ex-contadora do doleiro Youssef revelou, em entrevista à revista Veja, esquema operado pelo doleiro que envolveria recursos públicos e políticos. O depoimento vai ocorrer depois do acordo de delação firmado por Youssef com a Justiça. Em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara, em agosto, ela também confirmou que o doleiro repassou dinheiro ao deputado federal Luiz Argôlo (SDD-BA) e a outros parlamentares.
O doleiro promete apresentar provas do esquema de irregularidades em troca da redução de sua pena no acordo de delação. Os membros da CPI querem detalhes do esquema, operado por Costa e Youssef, que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões. O doleiro e o ex-diretor da Petrobras foram presos pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
Segundo integrantes da CPI, a contadora confirmou presença na reunião do dia 8 de outubro. A comissão de inquérito recebeu nesta quarta (24) cópias dos depoimentos prestados por Meire Poza à Justiça Federal do Paraná, que investiga o esquema de lavagem de dinheiro.A CPI já aprovou a convocação de Youssef, mas Vital do Rêgo disse que só vai marcar a data do seu depoimento depois do desenrolar da delação premiada.
Delação
O presidente da CPI prometeu apresentar até a semana que vem um projeto que lei que obriga o envio dos depoimentos de delações premiadas às comissões de inquérito. Após a negativa do STF, integrantes da CPI da Petrobras ficaram irritados por não conseguirem acesso aos depoimentos, especialmente depois que trechos foram revelados pela revista Veja --em que Paulo Roberto teria apresentado uma lista de políticos beneficiados com o esquema de corrupção.
"Ninguém passa delação para a CPI,mas nós temos o direito de investigar. Por isso, esse projeto é muito importante para ser aprovado pelo Congresso", afirmou Vital.
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