Depois do recesso do Congresso, a CPI dos Grampos, na Câmara retoma seus trabalhos na quarta-feira (6) com o depoimento do delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz. Responsável pelo inquérito que deu origem à Operação Satiagraha, que levou à prisão, entre outros, o investidor Naji Nahas, o ex-prefeito Celso Pitta e o banqueiro Daniel Dantas, Protógenes foi afastado pela cúpula da PF das investigações no mês passado.
Oficialmente, o delegado saiu de cena para realizar curso presencial superior da PF, iniciado no último dia 21. Mas é fato que houve descontentamento por parte do governo e de setores da Polícia Federal com a maneira com que Protógenes conduziu os trabalhos da Satiagraha. A avaliação desses setores é que ocorreram excessos.
A Operação Satiagraha, deflagrada no dia 8 de julho, investigou pessoas acusadas de crime financeiro, como lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas e formação de quadrilha. Ao todo, 18 pessoas foram presas - apenas duas continuam detidas: Humberto Braz e Hugo Chicaroni, acusados de tentativa de suborno a um delegado federal.
O depoimento de Protógenes, marcado para as 14h30, é o mais aguardado desde que a CPI foi instalada, no fim do ano passado. Com maioria na CPI dos Grampos - apenas oito dos 22 deputados que integram a comissão parlamentar de inquérito são da oposição -, não é das melhores a expectativa em relação ao depoimento de Protógenes. O governo chegou, até mesmo, a manobrar para que o delegado da Satiagraha não comparecesse à CPI alegando não poder se ausentar de seu curso para falar ao Congresso.
Por fim, na semana passada, o próprio Queiroz, confirmou segundo integrantes da CPI, sua ida à comissão. Um dos principais defensores da ida de Protógenes à CPI - junto com o presidente da comissão, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), autor do requerimento de convocação -, o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) disse que a oposição terá de atuar para evitar que os governistas "desqualifiquem" o depoimento do delegado.
"Temos que ter foco e descobrir, primeiro, se as escutas tiveram autorização judicial. A partir daí, é preciso saber se outras pessoas foram gravadas e se as gravações ocorreram também por ordem judicial ou decisão pessoal do delegado", afirmou Fruet.
Na semana que vem estão previstos outros dois depoimentos. Na terça-feira (12) será a vez do juiz da 6ª Vara Federal Criminal, Fausto Martins De Sanctis. Foi o magistrado o responsável pelos pedidos de prisão de Dantas (duas vezes e nas duas o banqueiro foi solto por decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes), Nahas e Pitta.
Inicialmente, o depoimento do juiz deveria ocorrer nesta quinta-feira. Mas a data teve de ser alterada em razão de suas atividades profissionais. Um dia depois de De Sanctis, na quarta-feira (13) é esperada a presença de Dantas, sócio-fundador do Opportunity, na comissão.
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