Líderes da oposição defenderam nesta sexta-feira (3) que o pedido do PT feito ao doleiro Alberto Youssef para repatriar R$ 20 milhões para a campanha da presidente Dilma Rousseff no ano passado é mais um elemento que reforça a tramitação do pedido de impeachment contra a petista no Congresso. Eles cobram também uma posição clara do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) .
A PALAVRA DOS DELATORES
As suspeitas lançadas sobre a campanha de Dilma
ALBERTO YOUSSEF, doleiro e operador do PP
O que ele disse: Em depoimento à Justiça Eleitoral, o doleiro afirmou que uma pessoa ligada ao PT lhe pediu ajuda para trazer R$ 20 milhões do exterior para a campanha de Dilma, no início de 2014 Outro lado: Dilma rejeitou nesta semana as suspeitas sobre sua campanha. O PT diz que todas as doações recebidas pela campanha de Dilma foram feitas conforme a lei e declaradas à Justiça Eleitoral
RICARDO PESSOA, dono da empreiteira UTC
O que ele disse: O empresário, que doou R$ 7,5 milhões para a campanha de Dilma, disse que fez a contribuição por temer prejuízos em seus negócios com a Petrobras se não colaborasse com o PT Outro lado: O ministro Edinho Silva (Secom), tesoureiro da campanha de Dilma, admitiu que tratou das doações com Pessoa, mas negou ter feito ameaças que justificassem os temores do empreiteiro
Youssef contou à Justiça Eleitoral que foi procurado por um emissário da campanha presidencial petista para trazer de volta ao Brasil o montante depositado no exterior. Apontado como um dos principais operadores do esquema de corrupção descoberto na Petrobras, Youssef diz que foi procurado no início do ano passado e só não executou a operação porque, em março de 2014, foi preso com a deflagração da Operação Lava Jato.
“Cada vez mais surgem elementos de que o esquema do petrolão alimentou a campanha presidencial, o que reforça tanto a tramitação do pedido de impeachment na Câmara quanto o processo de investigação da forma de financiamento da campanha pelo TSE, que deveria cassar o mandato dela”, afirmou o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE).
O depoimento de Youssef foi dado em 9 de junho deste ano, em Curitiba, onde o doleiro está preso. Ele foi tomado no âmbito de uma ação que o PSDB move contra Dilma no TSE desde 2014.
A ação foi apresentada logo depois do fim da campanha presidencial, em que Dilma derrotou o senador Aécio Neves (PSDB-MG), e pede a cassação da chapa encabeçada pela petista por abuso de poder econômico e político.
Presidente do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) afirmou que a legenda já tinha “indícios fortes de uso de dinheiro da corrupção na campanha” quando deu início ao processo. “De lá para cá esses indícios vêm sendo confirmados não por declarações de membros da oposição, mas por depoimentos daqueles que foram achacados pelo governo”, afirmou Neves. “Confiamos que o TSE saberá investigar e julgar estritamente com base na legislação”, completou.
Líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO) afirma que a declaração indica o “tentáculo no exterior” da arrecadação da campanha presidencial do PT, em 2013. Ele ainda cobrou um posicionamento do Tribunal Superior Eleitoral. “Ainda não assistimos o TSE se pronunciar em relação a esse fato, e as provas são mais do que evidentes (...) O mais grave é imaginar que o Palácio do Planalto, a figura da presidente, estava envolvida nesse processo. Isso é chocante.”
CAMPANHA NEGA
O ministro Edinho Silva (Comunicação Social da Presidência), que foi o tesoureiro da campanha da petista, afirma que o depoimento de Youssef deixa claro que o doleiro “nunca manteve contato com a campanha de Dilma Rousseff” à reeleição. ‘‘Desconheço as pessoas citadas. Apenas eu, Edinho Silva, tinha autorização da campanha Dilma Rousseff para estabelecer contatos e efetuar arrecadação. Além disso, em janeiro de 2014 não havia sequer campanha eleitoral.”
O ministro disse, ainda, desconhecer os fatos mencionados relacionados à repatriação do dinheiro. O PT disse que não iria se pronunciar sobre o caso. O advogado de Youssef, Figueiredo Bastos, não quis comentar o teor do depoimento.
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