Outro lado
Advogados do casal negam relação profissional
Os advogados do vereador João Cláudio Derosso e da jornalista Cláudia Queiroz Guedes negam haver contradição nos depoimentos prestados ao Ministério Público na investigação do processo de licitação para contratação de agências de publicidade.
O adogado Marcelo Ciscato, que defende Cláudia, também negou o envolvimento profissional entre o casal. "Ela não trabalhou para ele. A Cláudia sempre sustentou que nunca teve contato profissional com Derosso."
Antônio Figueiredo Basto, advogado de Derosso, afirmou que o cliente nega que Cláudia tenha prestado serviço para ele, ao contrário do que afirmou o ex-marido da jornalista. "Não houve prestação de serviço. Não sei se ele [César Guedes] mentiu ou se interpretou como uma prestação de serviço."
Basto alegou ainda que Derosso se baseou em pareceres jurídicos e não se ateve aos detalhes da licitação ao assinar o contrato com a Oficina da Notícia, empresa de sua mulher. Ele alega que não ligou a empresa ao nome de Cláudia Queiroz, apesar de ter tido firmado contrato de aluguel com ela.
O advogado ainda afirmou que o pedido de afastamento de Derosso da presidência da Câmara, solicitado pelo MP, não tem fundamento. "O MP não indica quem foi coagido [para que ele tenha de se afastar preventivamente]", disse. O advogado afirmou ainda que o cliente colaborou com a investigação e concordou em colocar à disposição o sigilo bancário e fiscal.
Sobre o pedido do MP de restituição do valor do contrato da Oficina da Notícia (R$ 5,1 milhões mais R$ 800 mil referentes a multas), Basto disse que o serviço de publicidade foi prestado. "Se for assim, eu vou acionar todos os jornais que receberam o dinheiro da Câmara para também devolver o dinheiro."
Ação de promotores tende a agilizar investigação da Câmara
A ação proposta pelo Ministério Público do Paraná (MP) pedindo o afastamento do presidente da Câmara de Curitiba, João Cláudio Derosso (PSDB), pode tornar mais ágeis as investigações do caso que estão sendo feitas pela Casa. Vereadores da oposição e da situação concordam que, caso o pedido de afastamento seja acatado pela Justiça, a pressão por agilidade nas investigações da Câmara será maior.
O presidente da Câmara de Curitiba, vereador João Cláudio Derosso (PSDB), e a atual mulher dele, a jornalista Cláudia Queiroz Guedes, já mantinham um relacionamento comercial e profissional antes da licitação de propaganda da Casa vencida pela agência de comunicação Oficina de Notícia, em 2006. A dona da agência é Cláudia Queiroz. A informação consta de depoimentos prestados ao Ministério Público do Paraná (MP) no inquérito que investiga irregularidade nos contratos de publicidade da Câmara. Os testemunhos contradizem a versão que o casal havia apresentado.
Anteontem, o MP entrou com uma ação de improbidade administrativa contra o casal e outros quatro servidores da Casa. O MP pede, liminarmente, o afastamento de Derosso do cargo de presidente da Câmara. Os promotores entenderam que houve um direcionamento na licitação para beneficiar a empresa da mulher de Derosso. A relação entre o vereador e Cláudia antes do lançamento da licitação foi um dos elementos que reforçou essa suspeita. Embora admitam que o relacionamento amoroso começou só em 2007, a relação entre Derosso e Cláudia viria desde 2004.
Em depoimento aos promotores do MP, ela declarou que, em 2005, durante uma solenidade, Derosso sugeriu a ela que alugasse a sala comercial dele, que fica num prédio no Centro de Curitiba. Semanas depois, disse Cláudia, foi firmado o contrato de locação que se estende até hoje.
Essa declaração de Cláudia contradiz o que o presidente da Câmara falou aos promotores. Apesar de ter assinado o contrato com Cláudia, Derosso alegou que "ao homologar o resultado [da licitação em 2006] não fez ligação entre a empresa Oficina da Notícia e a pessoa de Cláudia Queiroz Guedes". Vencida a licitação, a empresa de Cláudia administrou R$ 5,1 milhões de verba destinada para publicidade. Previsto inicialmente em edital para durar um ano, o contrato com a Oficina da Notícia foi encerrado em maio de 2011 cinco anos depois.
Já o depoimento de César Pacheco Guedes, ex-marido de Cláudia, revela outra possível contradição de Derosso. O presidente da Casa afirmou ao MP que "Cláudia nunca prestou serviços profissionais pessoalmente ao declarante [Derosso]". Não é o que disse o ex-marido de Cláudia ao MP. "O declarante [César Guedes] acredita que Cláudia começou a trabalhar para o vereador Derosso aproxidamadamente em 2004, prestando assessoria para a pessoa física do aludido vereador", diz um trecho do depoimento que ao MP.
Ainda segundo o ex-marido de Cláudia, o contrato seria verbal. Mas ele disse lembrar que, em 2004, Derosso ligava para a jornalista para tratar de assuntos de trabalho. "Cláudia Queiroz e o vereador João Cláudio Derosso mantinham relacionamento profissional durante o tempo em que [César Guedes e Cláudia] permaneceram casados, ou seja, uns dois anos antes da separação de fato do casal [em 2006]". O ex-marido contou que "Derosso, em algumas ocasiões, chegou inclusive a telefonar para sua ex-esposa fora do horário de expediente para tratar de assuntos relativos à assessoria de imprensa".
Além da proximidade profissional entre Cláudia e Derosso, os promotores detectaram uma série de irregularidades no processo de licitação que culminou com a vitória da empresa da jornalista. A mais flagrante delas foi a participação de Cláudia na disputa pelo contato publicitário da Câmara enquanto mantinha cargo comissionado no Legislativo municipal o que é proibido pela Lei de Licitações.
Interatividade
Que desfecho você acha que terá o caso Derosso?
Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br
As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e apoiadores reagem a relatório da PF que indiciou 37. Assista ao Entrelinhas
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
Otan diz que uso de míssil experimental russo não vai dissuadir apoio à Ucrânia