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Jamanta: trabalho eleitoral no horário de expediente | Gazeta do Povo
Jamanta: trabalho eleitoral no horário de expediente| Foto: Gazeta do Povo

Outro lado

Pré-candidato do PSDB desqualifica denúncia de ex-presidente do PR

Procurado ontem pela reportagem, o pré-candidato do PSDB à prefeitura de Paranaguá, Alceu Maron Filho, desqualificou as denúncias de Fabiano Jamanta (leia reportagens abaixo). Disse que o ex-presidente do PR de Paranaguá é aliado de outro grupo político da cidade – o que colocaria suas acusações sob suspeita. Sobre as denúncias da ex-servidora da Appa Nazareth Abel de Lima, o tucano ficou surpreso e perguntou: "Ela fez denúncia contra mim?". Logo em seguida, Alceu disse que estava trabalhando e não poderia falar naquele momento. "Em outra oportunidade posso dar o esclarecimento que você desejar, com mais calma", disse. Indagado se poderia ser contatado ainda ontem, ele voltou a afirmar que não poderia falar. O ex-chefe do porto Airton Maron atendeu seu celular pessoal. Mas se negou a falar com a reportagem sobre as denúncias.

Indicação

Deputado federal confirma que tucano sem cargo no porto negociou a vaga

Fabiano "Jamanta" Ribeiro Oliveira, ex-presidente do diretório do PR de Paranaguá, disse que recebeu o convite para assumir um cargo em comissão no porto em uma reunião realizada em agosto do ano passado em um hotel no bairro Batel, em Curitiba. Quem conduziu a reunião foi o pré-candidato do PSDB à prefeitura de Paranaguá, Alceu Maron Filho, que não tem nem tinha cargo na administração portuária (ele é primo do ex-superintendente do porto Airton Maron, demitido no último dia 16). A reunião e a oferta do cargo foram confirmadas pelo deputado federal Fernando Giacobo, do PR.

"Eu estava em Curitiba e este Alceu, que eu não conhecia, veio até o hotel", disse Giacobo, que participou do encontro. "Eu deixei bem claro que o fato de eles arrumarem um emprego para o menino [Jamanta] não implicaria apoio político." O deputado também admitiu que o assunto da reunião foi a sucessão municipal de Paranaguá neste ano. Mas Giacobo disse que o PR terá candidatura própria em Paranaguá.

Ex-servidor diz que trabalhava para Alceu no horário do expediente

Ex-presidente do Partido da República (PR) em Pa­­ranaguá, Fabiano "Jamanta" Ribeiro Oliveira, nomeado para um cargo comissionado no porto em agosto do ano passado, contou em entrevista à Gazeta do Povo que trabalhava durante o horário de expediente para o pré-candidato do PSDB à prefeitura da cidade, Alceu Maron Filho – que não tem nem teve cargo na administração portuária. Jamanta disse que o cargo que ele ocupava fazia parte de uma cota de Alceu.

Durante sua permanência no porto, Jamanta disse que prestava serviços no horário de trabalho no escritório político de Alceu. "Eu até me indispus com pessoas do porto, mas ele [Alceu] me ligava e dizia: ‘Venha para cá agora’." Segundo Jamanta, no escritório ele participava de reuniões com partidos aliados e recebia instruções para atuar na pré-campanha do tucano.

O ex-presidente do PR em Paranaguá disse ainda que o cunhado de Alceu, Luiz Renato Rodrigues da Cunha, se filiou ao PR em setembro de 2011 e, em dezembro, assumiu o comando da legenda na cidade. Cunha atualmente ocupa um cargo em comissão no porto, como coordenador de operações.

Jamanta, que ficou como vice-presidente do PR na cidade, no início concordou com a mudança. Mas, logo depois da troca de comando na legenda, foi demitido do cargo no porto, em 28 de dezembro. Os encontros diários com Alceu foram cancelados abruptamente. "Ele nunca mais falou comigo. A última vez que falei com ele foi em 24 de dezembro, lhe desejando um Feliz Natal. Depois disso, nunca mais o vi. Liguei para ele no dia da exoneração e ele não me atendeu", disse Jamanta. O ex-servidor acredita que seu afastamento da presidência do PR foi uma "armação". Ele depôs ao Ministério Público nesta semana contando a história.

A reportagem tentou ouvir Luiz Renato Rodrigues da Cunha. Mas ninguém aten­­deu o celular dele.

Depoimentos de dois ex-servidores da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) reforçam a suspeita de que cargos da autarquia do governo paranaense estavam sendo usados para beneficiar o pré-candidato do PSDB à prefeitura da cidade, Alceu Maron Filho. A Gazeta do Povo entrevistou dois ex-ocupantes de cargos comissionados da Appa. Eles contam que receberam propostas para usar o cargo em favor das articulações políticas de Alceu ou que trabalharam no escritório do tucano no horário de expediente.

Veja no infográfico como funcionava o esquema

O pré-candidato tucano não tinha nem tem cargo na Appa, mas é primo do ex-superintendente Airton Maron, exonerado no último dia 16 pelo governador Beto Richa (PSDB). A denúncia de uso eleitoral de cargos na Appa está sendo investigada pelo Ministério Público Estadual (MP).

Interesses eleitorais

A ex-funcionária comissio­­­nada na Appa Nazareth Abel de Lima contou à reportagem, em entrevista gravada, que sua indicação e exoneração do cargo ocorreram por interesses eleitorais do pré-candidato do PSDB. Nazareth fez a mesma denúncia nesta semana ao MP.

Quando Airton Maron assumiu o porto, em janeiro de 2011, Nazareth já ocupava havia um ano cargo comissionado, durante a gestão dos ex-governadores Roberto Requião e Orlando Pessuti (ambos do PMDB). Ligada a movimentos comunitários de Paranaguá, a mulher recebeu a proposta para permanecer na vaga. Segundo ela, quem fez a proposta foi Alceu.

O convite teria ocorrido durante o período de transição de governo, após a eleição do governador Beto Richa, em 2010. E teria sido formulado, segundo Nazareth, porque ela ajudou na campanha eleitoral de Alceu à prefeitura em 2008. A recondução dela ao cargo ocorreu em 6 de janeiro de 2011 para ocupar a função de secretária de departamento.

Nazareth contou ainda que, em julho do ano passado, foi procurada no porto por uma pessoa ligada a Alceu que lhe informou que ela teria de pagar uma taxa. O dinheiro seria destinado "àquelas pessoas que foram colaboradoras da campanha de Alceu Maron Filho e não foram contempladas com cargos".

Ela disse que não chegou a ser informada sobre o valor contribuição, pois foi exonerada logo depois, em agosto. A demissão ocorreu, segundo Nazareth, após ela ser convocada a comparecer ao escritório político de Alceu. A ex-servidora disse que, na ocasião, foi informada pelo pré-candidato do PSDB que precisava do cargo que ela ocupava.

"Ele [Alceu] falou que estava precisando do cargo para uma negociação partidária. Falou que precisaria fazer uma composição partidária para a eleição deste ano", disse ela. A mulher afirmou que Alceu a tranquilizou sobre sua saída com a promessa de que não preocupasse "porque seria um rodízio [de cargos]".

Em 31 de agosto de 2011, a exoneração de Nazareth foi publicada no Diário Oficial. A mesma edição do Diário divulgou a nomeação, para o mesmo cargo, de Fabiano "Jamanta" Ribeiro Oliveira – à época presidente do diretório municipal do Partido da República (PR) em Paranaguá. Jamanta, em entrevista à Gazeta do Povo, também disse que sua nomeação teve objetivos eleitorais.

A ex-servidora Nazareth afirmou ainda que, em janeiro deste ano, voltou a ser procurada por uma pessoa que teria sido enviada por Alceu. "No final de janeiro, me ofereceram um cargo no Hospital Regional do Litoral [vinculado ao governo estadual] a partir do mês de março, mas com a condição que eu teria que ‘vestir a camisa’." "Eu preciso continuar trabalhando, mas não posso aceitar esse tipo de convite", disse ela. Um detalhe importante: Alceu, assim como na Appa, não tem cargo no governo para fazer esse tipo de indicação.

Vaga de R$ 22 mil

A Gazeta do Povo, no último sábado, informou que um comerciante de Paranaguá denunciou ter pago R$ 22 mil como "pedágio" ao presidente do PSL da cidade, Ênio Campos Silva, para ocupar um cargo em comissão no porto. Em entrevista gravada à Gazeta, Silva negou a cobrança. Mas disse que Alceu lhe ofertou duas vagas no porto em troca de apoio político. Depois, o dirigente do PSL, voltou atrás e negou a oferta do tucano.

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