Depois de 14 anos no comando da Itaipu Binacional, o petista Jorge Samek deixou o cargo em cerimônia oficial de transmissão de posse realizada nesta segunda-feira (27), em Curitiba. Quem assume o comando da usina é o engenheiro Luiz Fernando Vianna, ex-presidente da Copel. Diretor-geral mais longevo da Itaipu e filiado ao PT há 27 anos, Samek resistiu no cargo mesmo depois que Michel Temer (PMDB) assumiu a Presidência, tornando-se o petista que mais durou no cargo durante a gestão Temer. Agora de saída, ele afirma ainda não ter planos para o futuro.
“Nesses anos todos eu me aprofundei muito, mergulhei muito na questão da integração energética da América do Sul. Tenho excelentes contatos com vários países, trabalhamos nas inúmeras possibilidades que podemos ter de poder fazer integração. Essa é uma coisa que eu pretendo dedicar uma parte do meu tempo e essa experiência que eu acumulei no sentido de poder contribuir nessa direção. A outra parte eu quero seguir a orientação do Zeca Pagodinho: deixa a vida me levar”, disse o ex-diretor depois da transmissão de posse.
Temer anula nomeação de dois novos diretores da Itaipu
O petista, que era deputado federal antes de ser indicado ao comando de Itaipu, descarta concorrer a algum cargo eletivo nas próximas eleições. “Me aprofundei numa política e discuti muita política, mas política energética”, disse. “Meu grupo político foi derrotado. Sou democrata, obviamente acho que a substituição das pessoas é muito importante. Não podemos ser contaminados pelo vírus da monarquia, de querer permanecer a vida inteira nos cargos”, concluiu.
Fim de dívida para construção da usina é desafio
O engenheiro Luiz Fernando Vianna foi presidente da Copel até ser indicado para o lugar de Samek em Itaipu. O novo diretor-geral disse que uma das prioridades é a negociação com o Paraguai a respeito do fim da vigência do “Anexo C” do tratado internacional, que trata do pagamento da dívida contraída para a construção da usina.
“Ele é muito importante porque trata toda a área comercial, da área de suprimento de energia elétrica e temos que fazer um trabalho em conjunto com o Paraguai para se preparar para o final do Anexo C do nosso tratado”, disse.
Segundo Vianna, o fim da vigência do anexo vai significar uma redução da tarifa de energia elétrica a partir de 2023. “A tarifa deve ter uma redução porque nós terminamos de pagar a dívida em 2023 e, com o término do pagamento da dívida, será inevitável uma redução dessa tarifa”, explicou.
O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, esteve na transmissão de posse e destacou a importância da negociação a respeito do tratado. “Nós temos o desafio maior, é a questão da renovação do contrato. São tratativas que precisam ser iniciadas pela relevância que tem para os dois países e principalmente para a composição do fator preço na tarifa de energia no Brasil. Esses debates precisam ser intensificados agora.”