O presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou o dia na comunidade Ouidah, uma espécie de colônia de brasileiros nos arredores de Cotonou, onde participou de um ritual preparado por feiticeiros vudus, líderes tribais e pelos descendentes de escravos brasileiros que promete fechar o corpo da pessoa homenageada.
No fim da cerimônia, os repórteres perguntaram ao presidente se tinha acabado a "urucubaca" à qual se referiu no ano passado quando reclamou do tiroteio da oposição em meio à crise política provocada pelas denúncias do supostao mensalão. O presidente respondeu com um largo sorriso:
- Vocês todos assistiram desde o início. Até vocês estão mais leves!
Todos os preparativos para recepcionar o presidente foram feitos pelo "chachá" Feliciano Julian de Souza, descendente e herdeiro do milionário baiano Francisco Félix de Souza, o maior traficante de escravos do país para o Brasil no sécúlo XVIII.
Lula visitou dois portais que se abrem para o mar. De um deles, o "Portão do não-retorno", partiram milhares de escravos para o Brasil e outras partes do mundo. O outro é o "Portão do Bom retorno", uma referência aos escravos que conseguiram retornar.
O presidente também visitou a casa do "chachá" Julian, uma espécie de coronel na região que apresentou suas oito mulheres e 23 filhos. A pedido dele, Lula prometeu abrir uma representação diplomática no país.
Lula disse que o Brasil tem muito a ajudar o Benin, principalmente na agricultura e na saúde, e afirmou que o país pode trazer jovens do Benin para estudar no Brasil. Depois da cerimônia, Lula disse que o Brasil deve muito ao povo africano e afirmou que nunca mais o país voltará suas costas ao povo africano.
- Homens e mulheres livres eram vendidos como escravos para a América. Lá, com seu sofrimento e trabalho, ajudaram a construir o meu país. Não adianta ficar só chorando o que aconteceu no passado. É preciso construir o futuro - disse o presidente.
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