Talma Bauer, chefe de gabinete do deputado federal Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), foi liberado na madrugada deste sábado (6) depois de prestar depoimento à Polícia Civil em São Paulo. Ele havia sido detido na tarde de sexta-feira por suspeita de sequestro qualificado (cárcere privado) à uma jovem que denunciou Marco Feliciano por tentativa de estupro.
Na noite de sexta-feira (05), o delegado Luís Roberto Hellmeister chegou a dizer que ia pedir a prisão provisória de Bauer por considerar que a jovem estava em risco. Hellmeister teria mudado de ideia depois de escutar de uma testemunha que a suposta vítima recebera R$ 20 mil para não denunciar o crime. Policiais disseram ao GLOBO que o dinheiro foi apreendido.
A Polícia Civil de São Paulo agora vai investigar o caso de suposta tentativa de estupro cometida contra Patrícia Lélis, integrante da juventude do PSC. Patrícia tem 22 anos e viajou de Brasília à capital paulista para denunciar o parlamentar e o chefe de gabinete dele, que é policial civil aposentado.
A jovem passou por três delegacias ao longo desta sexta-feira. Segundo seu depoimento à Corregedoria da Polícia Civil, Bauer a procurou diversas vezes para que ela fizesse uma gravação que inocentasse o deputado. Ela contou que se sentiu coagida e ameaçada e mostrou que, enquanto prestava depoimento, seu celular não parava de receber chamadas do assessor.
Bauer chegou a ir ao hotel no centro da cidade em que a jovem estava hospedada e, segundo policiais, ele a intimidou, o que levou a jovem procurar a polícia. À noite, o chefe de gabinete foi detido por policiais civis e conduzido ao 3º DP para prestar esclarecimentos.
Patrícia é de Tocantins, evangélica e militante da juventude do PSC. Ela veio à capital paulista há poucos dias acompanhada da mãe e voltou para Brasília ainda na sexta-feira.
O suposto assédio cometido por Feliciano teria ocorrido no dia 15 de junho, quando, segundo a jovem, o deputado a chamou para uma reunião com integrantes da juventude do PSC em seu apartamento funcional em Brasília. Chegando ao local, Patrícia diz que percebeu que não havia reunião nenhuma porque estavam apenas Feliciano e ela. Nessa ocasião, o deputado teria tentado estuprá-la. Feliciano também teria dado um soco em sua boca e um chute em sua perna, segundo relatou a jovem à Polícia.
A reportagem não conseguiu contato com o deputado. Ontem, em seu Twitter, ele escreveu uma citação bíblica do evangelho de São Mateus: “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.”
O caso somente foi revelado por Patrícia na terça-feira. Um dia depois, ela recuou da acusação em uma gravação que ela mesma publicou na internet. Ontem a jovem decidiu formalizar a denúncia. Contra o deputado a acusação de Patrícia é de que foi mantida em cárcere privado e sofreu uma tentativa de estupro. Em relação a Bauer ela denuncia o crime de coação por tê-la pressionado a fazer a gravação que inocentaria Feliciano.
O parlamentar foi alvo na quarta-feira de um pedido da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) para que o Ministério Público do Distrito Federal investigue o caso.
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