O deputado distrital Geraldo Naves (DEM) classificou nesta sexta-feira (5) como uma "maldade sem precedentes" o fato de o jornalista Edson Sombra ter entregado à Polícia Federal um bilhete supostamente escrito pelo governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (Sem partido).
Segundo Sombra, que afirma que tentaram suborná-lo, o bilhete seria uma prova de que Naves era um emissário de Arruda. Naves confirmou que o bilhete foi escrito por Arruda, mas negou que tenha sido um meio de corrupção. O governo do DF também negou envolvimento em nota.
Sombra é testemunha do mensalão do Democratas (DEM). O suposto esquema de distribuição de propina veio à tona no dia no dia 27 de novembro, quando a PF deflagrou a operação Caixa de Pandora. No inquérito do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o governador Arruda é apontado como o comandante de um esquema de distribuição de recursos a deputados distritais e aliados.
Sombra é o pivô do mais novo capítulo do escândalo. Ele denunciou e a PF gravou em vídeo o que seria o momento em que um suposto emissário do governador entregaria a ele R$ 200 mil em dinheiro. Seria a primeira parcela do pagamento de um suborno para que ele dissesse que as imagens do escândalo foram montadas, que seriam uma farsa. Sombra é amigo de Durval Barbosa, ex-secretário do governo que filmou a distribuição de dinheiro que seria do esquema.
Em entrevista nesta sexta, o deputado Geraldo Naves, apontado por Sombra como o homem que o entregou o bilhete de Arruda, confirmou ter entregado o papel ao jornalista, mas deu outra explicação para o fato. "Eu não nego que existiu o bilhete, mas não para suborno [...] O bilhete é verdadeiro, mas a historia do bilhete não é essa que estão pregando por aí", disse.
Segundo o parlamentar, a pedido de Sombra ele foi até Arruda, em dezembro passado, para tratar da verba publicitária de um jornal dirigido por Edson Sombra. "Ele estava receoso de não contar com patrocínio para o jornal dele". Naves disse que fez o pedido a Arruda porque o jornalista temia que o governador não gostasse de Sombra.
Em sua explicação, o deputado contou que Arruda disse na ocasião que gostava de Sombra e, para provar isso, escreveu o bilhete que contém frases como "gosto dele" e "quero ajuda", que seria uma forma de pedir aos amigos para não o cobrarem pelas denúncias da operação Caixa de Pandora, que havia sido deflagrada dias antes do encontro entre Geraldo Naves e Arruda.
"Não tenho nada contra o Sombra, vou até escrever aqui. Aí escreveu esse bilhetinho. Levei para ele", contou o deputado sobre o que Arruda teria dito. Geraldo Naves disse que não se prestaria ao papel de ser portador de uma proposta de suborno.
Naves disse ter bom relacionamento com o governador e também não escondeu ser amigo de longa data de Edson Sombra, agora ex-amigo. "Foram vários encontros com o Edson. É de dentro da minha casa, eu ia na casa dele. Tomava café lá, almoçava. Alguma coisa tem aí. Eu para ser sincero não sei."