Em depoimento na CPI do Mensalão,o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares foi mais uma vez pressionado pelo deputado Júlio Redecker (PSDB-RS), quando o parlamentar apresentou aos integrantes da comissão listas que comparam as datas dos depósitos e repasses feitos pelo empresário Marcos Valério, a pedido de Delúbio Soares, a parlamentares e supostos fornecedores de campanhas com os saques dos efetivos beneficiados e as pautas do governo no Congresso.
Segundo o deputado, existiria uma coincidência temporal entre tais repasses, os saques efetuados das contas de Marcos Valério e as votações de pautas, segundo o deputado, de interesse do governo no Congresso.
O deputado citou como exemplos os resultados e as datas das votações da Reforma da Previdência, da Medida Provisória que regulava o funcionamento de bingos no país, e do novo teto para o salário-mínimo.
- Se o senhor autorizava o Marcos Valério a pagar ou a sacar estes recursos, o senhor não acha estranho que coincidam com as votações de interesse do governo? - questionou o parlamentar.
Delúbio isentou-se:
- Eu já falei sobre este assunto. Não tem coincidência nenhuma. Não participei de nenhum debate sobre as votações no Congresso Nacional. Não tenho nenhuma interferência sobre votação. É afirmação do senhor, eu não confirmo.
Durante as perguntas, o deputado, exaltado, chegou a chamar o depoente de "Senhor Marcos Valério".
- É tudo a mesma coisa - justificou, sem se desculpar.
Pouco após o encerramento dos questionamentos do parlamentar ao depoente, o presidente da CPI, senador Amir Lando (PMDB-RO), pediu que o deputado Júlio Redecker encaminhasse todos os documentos aos quais fez referência à mesa.
- A informação que queremos é esta que o senhor tem dos saques e as exatas datas de votação. Assim avaliaremos se houve coincidência e saberemos quem recebeu naquelas datas de votação - disse Lando.
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