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Em reunião da CPI dos Correios nesta quinta-feira, parlamentares protestaram contra a declaração do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, de que ainda não há motivos para prender o empresário Marcos Valério de Souza. O relator adjunto, deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), disse que o procurador é um "engavetador". Mais comedido, o relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), disse que o procurador foi precipitado. Já o presidente da CPI, senador Delcidio Amaral (PT-MS), tentou pôr panos quentes, dizendo que eram posições pessoais dos deputados e não da CPI e que é preciso manter uma boa relação com o Ministério Público.

Nesta quarta-feira, Souza disse que não acolheria a sugestão de Serraglio porque ainda não tem elementos no inquérito para pedir a prisão do empresário. Souza é o único com poder de pedir a prisão preventiva dele ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde tramita o inquérito que apura o suposto esquema do mensalão. O procurador disse que, se vier a pedir a prisão de Valério, a decisão será baseada em fatos surgidos a partir de diligências feitas no inquérito e que a sugestão da CPI "é irrelevante".

Souza fez duras críticas aos integrantes da CPI e à sugestão de prender o empresário sob o argumento de que ele estaria atrapalhando as investigações.

- Essa questão de 'tem que prender, tem que prender' cria um clima ruim para o andamento do inquérito. Mas dá notícia em jornal - alfinetou o procurador.

A CPI ouve nesta quinta-feira o ex-superintendente do Banco Rural Carlos Alberto Godinho, e a expectativa é que confirme suas declarações, feitas à revista "Época", de que os empréstimos de Valério eram de fachada. Na entrevista à revista, Godinho disse que a direção do banco tinha conhecimento das operações que forjaram empréstimos de R$ 55 milhões para o empresário.

Segundo ele, a direção do Rural também orientou que os dados desses empréstimos fossem ocultados do Banco Central. Godinho disse que chegou a comunicar a toda a direção do banco sobre indícios de irregularidades envolvendo a agência SMP&B e o PT, mas nenhuma providência foi tomada porque o banco não teria autorizado que os dados fossem mencionados em seus relatórios.

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