Depois que os bolsos ficaram cheios, o deputado guarda o dinheiro nas meias
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A polícia investiga a suspeita de que o esquema era alimentado com dinheiro de empresários que atuam em Brasília, como José Celso Gontijo, dono da construtora JC Gontijo, que aparece nesse vídeo entregando dois pacotes de dinheiro a Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais. "Eu tentei vir cá algumas vezes, mas você tava cheio de problema, né Durval?" diz o empresário em vídeo apresentado no programa Fantástico, da Rede Globo.
De acordo com a denúncia de Durval Barbosa, depois que o dinheiro era arrecadado com empresários, ele era distribuído para os integrantes do esquema. Segundo o inquérito, recebiam o dinheiro o governador José Roberto Arruda, o vice Paulo Octávio, secretários de governo, assessores e deputados da base aliada. Parte do dinheiro era entregue pelo próprio Durval Barbosa, que filmou alguns desses encontros.
No domingo (29), o governador e o vice emitiram nota em que se dizem "perplexos" com as denúncias contra o governo, que classificaram como um "ato de torpe vilania".
Durval contou à polícia e ao Ministério Público que o esquema teria começado ainda no governo passado, de Joaquim Roriz. Em um vídeo, gravado em agosto de 2006, José Roberto Arruda, então candidato a governador, aparece recebendo R$ 50 mil das mãos de Durval Barbosa.
Um outro vídeo, gravado em 2006, mostra o atual presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Leonardo Prudente, do democratas, recebendo vários maços de dinheiro. Ele vai enchendo os bolsos um a um. E quando não há mais espaço, coloca uma parte nas meias.
A atual deputada distrital Eurides Brito, do PMDB, líder do governo na Câmara Legislativa, entra na sala de Durval Barbosa, tranca a porta, recebe o dinheiro e o guarda em uma bolsa grande. Outros deputados, como Júnior Brunelli, do PSC, também aparecem recebendo dinheiro. "Valeu, Durval. Valeu."
Propinas também teriam sido distribuídas a diretores de empresas públicas, como José Luis Naves, diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal, Odilon Aires, presidente do Instituto de Previdência dos servidores do GDF, e a assessores de integrantes do esquema.
A parte destinada ao vice-governador do Distrito Federal, Paulo Octavio, segundo a denúncia, era entregue geralmente a Marcelo Carvalho, diretor da construtora Paulo Octávio, que aparece em imagens conversando com Durval.
Durval Barbosa, que gravou alguns dos vídeos sem autorização judicial, e outros com acompanhamento da polícia, agora está sob proteção policial. Ele fez as denúncias em troca de redução da pena em caso de condenação, porque responde a mais de 37 processos na justiça.
Outros lados
O ex-governador Joaquim Roriz e os deputados distritais Leonardo Prudente e Eurides Brito disseram que não vão se manifestar sobre a reportagem.
Não foram localizados o empresário José Celso Gontijo; o presidente do Instituto de Previdência dos Servidores do GDF, Odilon Ayres; e o deputado distrital Júnior Brunelli.
O diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal, José Luis Naves, disse que nunca recebeu propina de pessoas do governo. Mas confirmou que recebeu dinheiro de Durval, provalmente em 2006, para pagar fotografias para pessoas carentes tirarem carteira de identidade.
O assessor Paulo Pestana disse que recebeu dinheiro porque trabalhou durante um ano no escritório político de Durval. Segundo ele, foram R$ 10 mil para pagamento de condomínio.
Democratas
O líder do Democratas no Senado, senador José Agripino (DEM-RN), considerou as denúncias contra o governador do Distrito Federal, José Arruda, como "graves". Segundo ele, "se erros foram cometidos, o partido não pode acolher estes erros como também erros do partido". Nesta segunda-feira (30), a direção do DEM se reúne com o governador para ouvir suas explicações sobre o escândalo.
Para o presidente da OAB, Cézar Britto, a denúncia pode resultar no impeachment do governador e a Ordem estuda pedir a abertura de processo. "É uma imagem devastadora. Já há um indicio forte de pedido de impeachment", disse.
Segundo o corregedor do Distrito Federal, Roberto Giffoni, que é citado por Durval Barbosa, Arruda recebeu R$ 50 mil, ainda em 2005, para entrega de cestas e panetones quando ainda era deputado federal. "Esses recursos eram coletados em 2006 e destinados ao trabalho desenvolvido do então deputado Arruda na entrega de cestas básicas e panetones", diz.
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