Deputado é suspeito de ocultar castelo

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Brasília - O novo corregedor da Câmara dos Deputados, Edmar Moreira (DEM-MG), foi eleito para o cargo na última segunda-feira e já corre o risco de ser afastado da função. Responsável por investigar supostos desvios de conduta de seus colegas, Moreira é suspeito de ele próprio ter cometido uma grave irregularidade: não ter declarado à Justiça Eleitoral ser proprietário de um castelo avaliado entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões em São João Nepomuceno, no interior de Minas Gerais.

Todo candidato a qualquer cargo público tem de declarar seus bens. Na sua última declaração, Moreira informou ser dono de um patrimônio de R$ 9 milhões. Mas, na cidade de São João Nepomuceno, onde está o "Castelo Monalisa", o deputado teria apenas um imóvel no valor de R$ 17,5 mil, segundo a declaração.

Ontem, o escândalo levou colegas do deputado, inclusive do DEM, a pedirem a sua renúncia. Moreira afirmou que não vê motivos para deixar o cargo. "Renunciar, por quê? Estou sendo condenado por qual tribunal? Absolutamente (não vou renunciar)", afirmou.

Moreira disse que construiu o castelo entre 1982 e 1990, mas só veio a eleger-se pela primeira vez para a Câmara em 1991 – quando teria declarado o imóvel à Justiça. Segundo o deputado, em 1993 o castelo foi repassado a seus filhos, Leonardo e Júlio Moreira, que hoje querem vender o imóvel. A transferência da propriedade para os filhos seria a razão de o castelo não constar de sua atual declaração de bens.

"Eu tenho tudo lançado no Imposto de Renda. Tenho a certidão negativa do INSS do término da obra. E tenho a fonte de renda para construir o castelo. Sou empresário de segurança e houve uma época em que tive 8 mil funcionários", disse para justificar de onde saiu o dinheiro para construir o castelo.

O objetivo da construção, de acordo com o parlamentar, foi contribuir para o turismo na região de São João Nepomuceno, para transformar o castelo em um hotel. "A região é muito bonita, montanhosa, tínhamos o objetivo de transformá-la num centro turístico", afirmou. O castelo tem 7,5 mil metros quadrados de área construída e 36 suítes com banheiras de hidromassagem. Além disso, o edifício fica em uma área de 192 hectares, em meio a bosques. Apesar da suntuosidade do castelo, disse o deputado, ainda faltaria o acabamento interno para a obra ser concluída.

Moradores da cidade, porém, dizem que o deputado já costuma frequentar o imóvel e realizar festas no local, que teria uma adega com capacidade para 8 mil garrafas de vinho. Ontem, também surgiu o rumor de que um cassino clandestino funcionaria no local – denúncia negada por Moreira.

Outros problemas

Além do escândalo do castelo, Moreira também tomou outras atitudes que desagradaram aos colegas da Câmara. A articulação para tirar Moreira da corregedoria começou no dia seguinte da eleição da Mesa, quando ele defendeu o fim dos julgamentos na Câmara dos pedidos de cassação de mandato por falta de decoro parlamentar. O corregedor considera que os processos contra parlamentares devem ir diretamente ao Judiciário.

O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) ontem propôs a criação de uma corregedoria específica para tratar de questões disciplinares dos deputados, desvinculada do cargo do corregedor. Isso tiraria poder de Moreira.

Além disso, o deputado ainda enfrentará a Executiva do DEM, que não aceita o fato de ele ter sido candidato à segunda vice-presidência da Câmara à revelia do partido. Moreira venceu o concorrente oficial, Vic Pires Franco (DEM-PA).

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