Expulso do PSol no fim de semana, o deputado federal Cabo Daciolo (RJ) acusa o partido de persegui-lo por motivos religiosos. O parlamentar perdeu seu lugar na bancada da legenda de esquerda sob acusação de infidelidade partidária, depois de uma série de atitudes que geraram mal-estar na agremiação. Contrariando orientação dos companheiros, Daciolo, que é evangélico, apresentou Proposta de Emenda Constitucional (PEC) determinando que a Carta diga que “todo poder emana de Deus”. O deputado também defendeu que o ministro da Defesa seja um militar. Para irritação do comando psolista, também defendeu publicamente os policiais militares acusados da tortura, assassinato e desaparecimento do auxiliar de pedreiro Amarildo de Souza.
“O PSol me perseguiu, desrespeitou a minha liberdade religiosa e não permitiu que eu pudesse discutir as minhas propostas junto ao partido. Fui discriminado. Mesmo assim, eu os perdoo. Não levo mágoas comigo. Jesus me ensinou a perdoar”, afirmou o parlamentar, em sua página TV Daciolo, no Facebook. “Não recebi com alegria a notícia de minha expulsão pelo Diretório Nacional do PSol. Fui eleito com 49.831 votos, numa campanha desacreditada pela maioria dos militantes psolistas. Não tive tempo de TV e os recursos financeiros foram escassos. Mesmo assim, diante da especulação negativa de que seria derrotado nas ruas, Deus, o Todo-poderoso, honrou a nossa fé e o empenho voluntário, aguerrido, das pessoas que acreditaram genuinamente em nossa proposta.”
O Diretório Nacional do PSOL expulsou Daciolo no fim de semana, por 54 votos a um. O parlamentar teve apoio apenas da ex-deputada Janira Rocha. Ela também acusou o comando do partido de perseguir o deputado, mas admitiu que o deputado cometeu erros e boa parte dos militantes queria a expulsão. Daciolo foi líder da greve dos bombeiros do Rio em 2011 e foi eleito com quase 50 mil votos. Uma comissão de ética do PSol o acusou de descumprir reiteradamente o programa e o estatuto da legenda.
“O meu desejo é permanecer no PSol”, afirma Daciolo no Facebook. “Sempre foi. Quando fui suspenso, apresentei minha defesa, sem abrir mão dos pontos que defendo, mas expressando a minha sincera vontade de continuar filiado. Hoje não é um dia para se comemorar. Todavia, a minha confiança está no Senhor e nos seus desígnios. A vontade de Deus é boa, agradável e perfeita (Rm 12.2). A Bíblia, o meu único manual de fé e prática, diz que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus. Nunca me envergonharei em declarar que Deus vem em primeiro lugar na minha vida. Todo o poder emana de Deus.”
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