Dois meses e meio após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomar posse para o segundo mandato, finalmente a tão prometida reforma ministerial começa a tomar corpo. O presidente do PMDB, Michel Temer, confirmou que o deputado Odílio Balbinotti (PMDB-PR), maior produtor individual de soja do país, será o novo ministro da Agricultura. Ele fez o anúncio depois de se reunir com Lula na tarde desta quarta-feira.
- O PMDB considera que foi atendido integralmente em suas reivindicações - disse Temer.
O paranaense Odílio Balbinotti trocou Maringá por Rondonópolis (MT) em 1980 em busca de terras cultiváveis. Numa das cidades símbolos do agrobusiness brasileiro, tornou-se um dos maiores produtores do país. Está no terceiro mandato como deputado federal, sempre pelo seu estado de origem. Em 1998, foi eleito pelo PDT e, em 2002, pelo PSDB. Filiou-se ao PMDB em 2003. Declarou R$ 40.483.057,00 em bens à Justiça Eleitoral.
O governador do Paraná, Roberto Requião, elogiou a escolha de Balbinotti. Contam a favor do deputado, segundo Requião, não apenas o fato de ele ser um integrante do setor como também o seu trabalho em prol da agricultura brasileira.
- Odílio é um produtor nacional de sementes que não tem ligação com multinacional. Aprovo. Ele é meu amigo, meu partidário, meu correligionário - disse Requião, que afirmou ter mantido recente contato com o deputado.
Balbinotti se encontrará com Lula nesta quinta, depois da reunião do conselho político do governo. O presidente confirmou também, segundo Temer, o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), como ministro da Integração Nacional. Se José Gomes Temporão for confirmado na Saúde, o PMDB passará a contar com cinco pastas, já que ocupa também Comunicações (Hélio Costa) e Minas e Energia (Silas Rondeau).
O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, também vai deixar a equipe de Lula. Ele disse que Lula aceitou seu pedido de sair do governo e já busca um substituto para a pasta. Um dos mais cotados para a vaga, segundo Noblat em seu blog, é o atual ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia.
Ao ser perguntado sobre quem o substituiria, Furlan respondeu:
- O presidente está escolhendo e a qualquer momento o nome será divulgado. O presidente tomou a liberdade de falar em público sobre minha situação ontem aos empresários, então é questão de tempo.
Mares Guia, na verdade, é um coringa nas mãos de Lula. Ele pode tanto assumir o Desenvolvimento quanto ir para a vaga de Tarso Genro, nas Relações Institucionais. Tarso já foi confirmado como novo ministro da Justiça, em substituição a Márcio Thomaz Bastos.
Já o Ministério do Turismo deve mesmo ficar com Marta Suplicy. O presidente do PT, Ricardo Berzoini, está indo para o Palácio do Planalto para dizer a Lula que a ex-prefeita de São Paulo está apenas aguardando um telefonema para dizer sim. Marta já mandou dizer, através de seu grupo político, que aceita o cargo, mas até agora Lula não fez o convite.
Já o deputado Paulinho da Força (PDT-SP) disse ter recebido de Tarso Genro, numa rápida conversa na tarde desta quarta-feira, a confirmação que o ministério reservado para o PDT é o da Previdência Social. O nome indicado pelo partido para o cargo é o do presidente do PDT, Carlos Lupi, que vem negando ter recebido convite oficial.
- O PDT só tem um candidato, que é o Lupi - afirmou o deputado ao deixar o Palácio do Planalto.
Pela manhã, Tarso já tinha garantido que a reforma ministerial estava pronta na cabeça de Lula. Segundo ele, nos últimos dias, o presidente teria avançado bastante na moldagem do Ministério, principalmente, depois de reuniões realizadas com líderes de PT, PV, PMDB e PDT.
- Aquelas peças que faltavam para compor o xadrez estão todas arranjadas. Então, ele (Lula) pode desencadear imediatamente ou na semana que vem, fechando o Ministério (...) Posso dizer que o presidente detém hoje elementos completos. Sempre faltava algum, agora eles estão completos - afirmou Tarso, durante entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha.
Durante a entrevista, Tarso deixou claro que não pretende fazer "alteração rupturista" no Ministério da Justiça. Ele afirmou ainda que seguirá auxiliando na articulação política:
- Não retirando qualquer função das relações institucionais, mas tem a reforma política, que já vinha originariamente sendo tratada pelo Ministério da Justiça. Provavelmente eu fique vinculado ao presidente e ao Ministério das Relações Institucionais, dando impulso, fazendo a coordenação desse tema com o Congresso, a OAB e as demais forças da sociedade.
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