O deputado José Rocha (PFL-BA) pediu à presidência da CPI do Mensalão, nesta terça-feira, que requeira à Polícia Federal a varredura de todas as suas linhas telefônicas. Ele contou que recebeu ligações em seu celular identificadas como sendo de seu gabinete, mas originadas de outras linhas e feitas por pessoas estranhas. Rocha suspeita que seus telefones estejam grampeados ou sendo monitorados ilegalmente.
O presidente da comissão, senador Amir Lando (PMDB-RO), comprometeu-se a formalizar à PF os pedidos feitos pelo deputado.
Nesta segunda-feira, a PF fez uma varredura no gabinete do relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), mas não encontrou vestígios de escuta telefônica clandestina. Segundo a assessoria do deputado, isso não quer dizer que não tenha havido grampo em outro momento. Na semana passada, peritos do Instituto Nacional de Criminalística da PF fizeram uma vistoria no escritório do presidente do Conselho de Ética da Câmara, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), em São Paulo, mas nada foi encontrado.
No entanto, nesta semana, Izar disse que um objeto estranho, cheio de fios, foi encontrado em seu gabinete, em Brasília, atrás de um relógio de parede.
Ainda devem ser feitas buscas no gabinete do deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA). A polícia abriu uma investigação preliminar para saber se, de fato, existem indícios de grampo nos telefones dos parlamentares.
As denúncias sobre escutas telefônicas esquentaram o clima político em Brasília na semana passada. De início, elas partiram do líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), que disse que sua família estava sendo investigada. Em tom ameaçador, o senador chegou a afirmar que daria uma "surra" no presidente Luiz Inácio Lula da Silva se algo acontecesse com qualquer parente seu.
No dia seguinte, o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) acusou o governo de espioná-lo através da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e prometeu se juntar a Virgílio. Na ocasião, o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), reagiu com ironia ao discurso. O petista fez alusão ao escândalo do grampo no painel do Senado, que levou à renúncia do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) em 2001, para provocar ACM Neto.
- De grampo a família dele entende bastante.
Logo depois, Izar e Serraglio também disseram suspeitar de escutas telefônicas em seus escritórios e gabinetes.