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Num depoimento sem muitas revelações na CPI dos Correios, no qual negou qualquer participação em suposto esquema para arrecadar dinheiro para o PTB em estatais, Marcus Vinícius Vasconcelos, genro do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), se viu em apuros somente quando foi perguntado pelo deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP). O parlamentar viu contradição em pelo menos um ponto do depoimento. Ao ser indagado se tratava da área de licitações na Eletronuclear, na qual ocupou cargo de assessor da diretoria, Marcus Vinícius respondeu que não.

- Como assessor técnico da Eletronuclear, eu tinha a incumbência de trabalhar a liberação de verba do Orçamento da União para Angra III. Não mexia com licitações, mas com análise de execução de projetos - afirmou.

Segundo o deputado, em seu depoimento no Ministério Público, Marcus Vinícius teria dito que uma de suas funções "era emitir pareceres de licitações de determinadas empresas". Diante da contradição, o genro de Jefferson disse que pode ter se equivocado em seu depoimento no Ministério Público.

- Eu posso ter me equivocado. Foi um depoimento de nove horas.

Após a sessão da CPI, o deputado reafirmou sua opinião sobre o depoimento de Marcus Vinícius.

- Além das contradições, há muitos pontos de divergência entre os depoimentos dele, de Cristiano Brandão, filho do empresário Henrique Brandão; e do ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios, Maurício Marinho - acrescentou o parlamentar.

Cardozo acredita que agora, para provar se realmente houve operação de desvio de recursos, será preciso avaliar os depoimentos e principalmente os contratos dos Correios, do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) e da Eletronuclear.

- Acho que nesse cruzamento de dados é que vamos descobrir se há culpa ou não - disse ele.

Pouco antes do fim do depoimento desta quarta-feira, a senadora Ana Júlia Carepa (PT-PA) também observou uma divergência entre os depoimentos de Marcus Vinícius e Roberto Jefferson. Durante toda a sessão, o genro de Jefferson declarou acreditar que o dinheiro não foi distribuído pelo deputado aos candidatos do PTB na campanha eleitoral de 2004. A senadora lembrou que Jefferson havia dito, em depoimento na CPI do Mensalão, que tinha distribuído o dinheiro.

- Ele disse que não tinha mais os R$ 4 milhões para devolver. Se ele não distribuiu esse dinheiro, então é mais complicado ainda, porque aí é sinal de que ele deu outro fim a esse dinheiro - declarou ela.

- Eu só dei minha opinião pessoal - retrucou Marcus Vinícius.

- Mas sua opinião vai de encontro ao que ele falou. Então, na sua opinião ele mentiu... - observou a senadora.

- Ele pode ter se enganado, não mentido - declarou Marcus Vinícius.

Mais cedo, o deputado Jorge Bittar (PT-RJ) pediu a Marcus Vinícius explicações detalhadas sobre os R$ 4 milhões entregues pelo PT para o presidente do PTB. Durante o interrogatório, o genro de Jefferson declarou que o dinheiro foi repassado sem registro legal e, por isso, ele acredita ter ficado com o deputado petebista e não repassado para o partido.

- Como o senhor ficou sabendo que esse dinheiro foi entregue ao deputado Roberto Jefferson? - questionou Bittar.

- Através do próprio deputado. Ele me informou pessoalmente, não como membro da executiva (do PTB). O que foi feito desses R$ 4 milhões eu não sei. Na minha opinião, o deputado Roberto Jefferson não o distribuiu. A única coisa que eu sei é que, sem recibo, ele não distribuiria esse dinheiro - respondeu Marcus Vinícius.

Bittar insistiu em querer saber sobre os R$ 4 milhões:

- O combinado é que seria dinheiro por dentro, com recibo, mas o que eu entendo que deram para o deputado Roberto Jefferson foi uma bomba. Por isso ele recebeu como pessoa física - afirmou Marcus Vinícius.

- Então, por que ele não devolveu esse dinheiro? - perguntou o deputado.

- Não sei, o senhor deve perguntar para ele. Eu não tenho responsabilidade sobre isso, o dinheiro não foi para o partido - declarou o depoente.

- Então, o senhor afirma que esse dinheiro foi apropriado pelo deputado Roberto Jefferson?

- Não afirmo, eu apenas acredito nisso.

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