Falhas
Site do Legislativo contém erros na prestação de contas dos gabinetes
O Portal da Transparência da Assembleia do Paraná tinha, até esta semana, dois erros cometidos ainda em 2011. O site mostrava que, em abril de 2011, o deputado Francisco Bührer (PSDB) havia contratado ele mesmo para prestação de um serviço técnico profissional para seu gabinete. Pelo serviço, o deputado teria recebido R$ 1.335,00. Já a prestação de contas de julho do deputado Jonas Guimarães (PSDB) indicava um caso semelhante. O gabinete do deputado teria alugado um imóvel do próprio Guimarães por R$ 3 mil. A reportagem da Gazeta do Povo procurou a Assembleia, que informou, por meio da sua assessoria de comunicação, que os deputados contrataram o serviço de terceiros (um contador no caso de Bührer e um contrato de aluguel, no caso de Jonas), de forma legal. Segundo a Assembleia, nos dois casos teria ocorrido um "erro de digitação".
A proibição para empresas firmarem contrato com o poder público estabelecida por órgãos de fiscalização como a Controladoria-Geral da União (CGU), o Tribunal de Contas da União (TCU) e Tribunal de Contas do Paraná (TC-PR) , não é aplicada para os gastos de gabinete dos deputados. Segundo a assessoria de comunicação da Assembleia Legislativa do Paraná, a penalidade aplica-se à própria Casa (que é pessoa jurídica), mas não aos deputados.
"Os deputados são ressarcidos como pessoas físicas. O contratante do bem ou serviço é o deputado. A Assembleia tem somente a obrigação de ressarcir o deputado. Dessa forma, não há nenhuma irregularidade ou impossibilidade de se realizar o ressarcimento", diz nota da Assembleia enviada à reportagem.
O deputado Toninho Wandscheer (PT), que contratou uma empresa considerada inidônea, afirmou que a Comissão de Tomada de Contas da Assembleia não exigia qualquer documento em que constasse a situação da empresa no TCU para ele pedir o ressarcimento pelo serviço. "Portanto, a situação quanto à sua idoneidade no Tribunal de Contas da União era desconhecida", diz o deputado. O deputado Leonaldo Paranhos (PSC) mostrou-se surpreso com a informação de que contratou uma empresa inidônea. "Não sabia, nem imaginava isso. Mas claro que sempre é grave se tem uma punição, uma determinação do TCU. E há de se considerar isso." O gabinete do deputado Duílio Genari (PP) informou à reportagem que considera de "confiança" o advogado contratado pelo parlamentar que está na lista dos inidôneos.
Questionável
A coordenadora de projetos da ONG Transparência Brasil, Natália Paiva, afirma que o fato de deputados contratarem empresas que foram doadoras de suas campanha e empresas consideradas inidôneas é "no mínimo questionável do ponto de vista ético".
Natália diz que a Assembleia ganharia em transparência se puxasse a lista das empresas inidôneas da CGU e TC e aplicasse aos deputados restrições para a contratação das mesmas.
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