A reunião semanal do secretariado do governador Roberto Requião (PMDB), conhecida como "escolinha", pode ser transformada em prática obrigatória para os futuros governos, prevista inclusive por lei. O entusiasta da ideia é o deputado estadual Neivo Beraldin (PDT), que apresentou projeto ontem na Assembleia Legislativa para garantir a continuidade da escola de governo nos próximos mandatos. "É o que surgiu de novo na política paranaense e precisa continuar", argumenta.
A escolinha é promovida toda terça-feira pela manhã e é transmitida ao vivo pela Rádio e Televisão Educativa do Paraná (RTVE), emissora oficial do governo. A reunião não tem pauta fixa, mas sempre é conduzida por Requião, que exige a presença de secretários de estado e integrantes do segundo escalão.
Para Beraldin, é uma oportunidade para a população conhecer o que o governo está fazendo. "Os secretários são obrigados a se preparar para apresentar números e dados, tudo o que estão fazendo. Isso faz com que não só a sociedade, mas os outros secretários saibam o que está acontecendo em todas as áreas do governo", diz o deputado.
O uso da TV Educativa pelo governador, no entanto, é alvo de vários questionamentos da Justiça Estadual e Federal. Requião acumula multas que chegam a R$ 850 mil por descumprir decisões judiciais que o proíbem de fazer promoção pessoal e ataques à imprensa, instituições e adversários políticos na emissora estatal.
Em 2008, a Justiça chegou a determinar o bloqueio das contas pessoais de Requião pelos ataques a desafetos políticos. O governador reclamava que estava sendo impedido de rebater críticas e prestar contas de seu governo pela emissora.
As multas começaram a ser aplicadas depois que ele iniciou uma onda de críticas ao Ministério Público do Paraná, que entrou com ação na Justiça exigindo que Requião, o vice-governador Orlando Pessuti (PMDB), secretários estaduais e deputados do Paraná demitissem os parentes de até 3.º grau empregados no governo.
Apesar da polêmica envolvendo o uso da TV Educativa, o deputado Neivo Beraldin não vê problemas em tornar obrigatória a escolinha. "O governante pode aparecer na vitrine como bem quiser. A população sabe muito diferenciar o que é uso pessoal ou não", afirma.
Para ser aceito, o projeto precisa ser aprovado pela maioria dos deputados em três turnos e ser sancionado pelo próprio governador.
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