Integrantes da CPI dos Correios em viagem aos Estados Unidos (EUA) estão enfrentando dificuldades para conseguir acesso aos dados de conta bancária do publicitário Duda Mendonça no exterior. Os parlamentares informaram que a recepção nos EUA foi boa. Porém, o chefe da Promotoria de Nova York, Robert Morgenthau, pediu um prazo para decidir se as informações poderão ser liberadas.
A delegação brasileira é composta pelos deputados Osmar Serraglio (PMDB-PR), Maurício Rands (PT-PE) e Eduardo Paes (PSDB-RJ). Segundo eles, Morgenthau alegou a existência de obstáculos na legislação americana que não permitem a transferência de dados para órgãos não pertencentes ao Poder Judiciário. De acordo com Morgenthau, é necessário também obter autorização da Corte de Justiça de Nova York.
Em depoimento na CPI no ano passado, Duda Mendonça disse que abriu uma conta nas Bahamas para receber R$ 10,5 milhões de caixa dois dentro do esquema montado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. O dinheiro, segundo Duda, era destinado ao pagamento de campanhas feitas para o PT nas eleições de 2002, entre elas a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
As informações sobre quem depositou e sacou dinheiro da conta de Duda já foram repassadas ao Brasil, mas os integrantes da CPI não podem ter acesso a elas por imposição das autoridade americanas. Elas temem que as informações sobre as movimentações bancárias sejam repassadas à imprensa, como ocorreu há dois anos quando os Estados Unidos revelaram dados sigilosos a pedido de uma comissão de inquérito do Congresso. Para evitar qualquer vazamento, os parlamentares concordaram em assinar um termo de compromisso, caso fosse necessário.
Nesta quarta-feira, a delegação se reuniu com advogados do Escritório Arnold & Porter em Washington. Maurício Rands considera importante buscar meios legais de interpretação das leis americanas que possam beneficiar a CPI.
- Mas, como foi muito positiva a reação da promotoria de Nova York, pode ser que não precise do procedimento - analisou Rands.
Eduardo Paes também prefere esperar.
- Nós aguardamos uma definição para saber se a CPI poderá ou não ter acesso a esses documentos - declarou.
Os três deputados também estiveram nesta quarta com funcionários da Rede de Vigilância contra Crimes Financeiros (Fincen). Nesta quinta-feira, eles participam de reunião com representantes do Departamento de Justiça norte-americano. O retorno ao Brasil está previsto para esta sexta-feira.
Vai piorar antes de melhorar: reforma complica sistema de impostos nos primeiros anos
Nova York e outros estados virando território canadense? Propostas de secessão expõem divisão nos EUA
Ação sobre documentos falsos dados a indígenas é engavetada e suspeitos invadem terras
“Estarrecedor”, afirma ONG anticorrupção sobre Gilmar Mendes em entrega de rodovia
Deixe sua opinião