Os nove parlamentares do Conselho de Ética da Câmara que assinaram um documento de renúncia coletiva mudaram de idéia e decidiram permanecer no órgão. Depois de anunciar que deixariam o colegiado em protesto contra a absolvição do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) pelo plenário ontem à noite, os parlamentares foram convencidos pelo presidente do Conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), a permanecer pelo menos até o julgamento do processo de quebra de decoro parlamentar de Vadão Gomes (PL-SP), previsto para ser concluído até o fim do mês.
Os nove parlamentares e o deputado Edmar Moreira (PFL-MG) - que não havia assinado o documento mas prometera deixar o Conselho também - admitem permanecer até a conclusão do caso de José Janene se o processo contra o ex-líder do PP voltar a tramitar no Conselho. Neste momento, o caso está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O deputado Júlio Delgado (PSB-MG), um dos líderes da rebelião, negou que os parlamentares tenham recuado:
- Não se trata de um recuo nem de uma renúncia precipitada. Pelo contrário, estamos valorizando o trabalho, mas vamos atender ao apelo do presidente - disse.
Ricardo Izar disse que todos estão indignados com as seguidas rejeições pelo plenário dos relatórios aprovados no Conselho e que não aceitou a renúncia dos parlamentares. Numa reunião que durou cerca de uma hora, o petebista conseguiu demover os colegas.
- Disse aos deputados que não podemos fugir da raia. O Conselho de Ética faz um trabalho digno, honrado e transparente e não podemos jogar isso fora dessa maneira - disse Izar.
Chico Alencar (PSOL-RJ) disse que não há mais clima para aprovar no plenário qualquer processo de cassação e que o Conselho de Ética virou uma mera peça decorativa.
- A crise está instalada. O plenário nos desautoriza a todo momento. Nosso papel está esgotado - disse o parlamentar.
Durante coletiva de imprensa, Ricardo Izar disse que o Conselho de Ética vai se empenhar para que o Congresso aprove a proposta de emenda constitucional (PEC) que determina voto aberto nos julgamentos de cassação no plenário da Câmara.
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