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Sessões da Assembleia no interior: discursos principalmente dos deputados de cada região | Pedro Oliveira
Sessões da Assembleia no interior: discursos principalmente dos deputados de cada região| Foto: Pedro Oliveira

Quatro cidades do interior do Paraná receberam sessões da Assembleia Legislativa no primeiro semestre deste ano. Segundo os deputados, o programa de "interiorização" é uma forma de colocar a população de fora de Curitiba em contato com a realidade do parlamento estadual. Entretanto, especialistas avaliam também que as sessões têm servido como um palanque antecipado para as campanhas dos atuais deputados e do próprio governador.

A primeira sessão no interior foi realizada em Londrina, no dia 17 de março. Depois, a Assembleia passou por Cascavel, em abril; por Ponta Grossa, em maio; e Francisco Beltrão, em junho. De acordo com o presidente da Casa, Valdir Rossoni (PSDB), a expectativa é que haja mais uma sessão do gênero por mês durante o segundo semestre. A prioridade é levar a Assem­bleia a todas as regiões do estado. Entre as cidades que pediram a presença dos deputados estão Gua­rapuava, Foz do Iguaçu, Cornélio Procópio, Ibaiti e União da Vitória.

As sessões realizadas nesses municípios não são deliberativas, ou seja, não há nenhuma pauta a ser votada. Apenas discursos. Por isso, os deputados não são obrigados a participar. Tirando a sessão inaugural, em Londrina, todas foram realizadas em quartas-feiras – ou seja, a sessão ordinária da Assembleia, em Curitiba, onde haveria votações, foi cancelada.

Geralmente, deputados que atuam na região tendem a participar e discursar em suas próprias bases eleitorais. Em Francisco Beltrão, por exemplo, dos 17 deputados presentes, nove tinham alguma relação com a região Sudoeste. Situação similar aconteceu em Cascavel, onde 20 deputados compareceram, sendo oito deputados da região. Ainda assim, para Rossoni, as sessões servem para aproximar deputados de regiões onde não atuam. "Deputados que representam uma região do estado muitas vezes não conhecem outras. Um deputado que vem do Sul do estado, por exemplo, muitas vezes não compreende a realidade do Norte", explica.

O tema mais discutido foi a "moralização" da Casa, presente nos discursos da mesa diretora em todas as sessões. O governador Beto Richa (PSDB) esteve presente em Londrina e em Ponta Grossa.

Aproximação

Para Rossoni, as sessões são importantes para colocar a população em contato com a instituição. "Temos colhido informações importantes da população, que serão levadas em conta quando votarmos o orçamento, no segundo semestre", comenta. O presidente da Casa ressalta também que o processo tem sido feito com custo baixíssimo, já que a Assem­bleia paga apenas o deslocamento de três funcionários, enquanto os deputados viajam por conta própria. Além disso, ele afirma que existem planos de levar sessões deliberativas para o interior.

Já o líder da oposição, o deputado Ênio Verri (PT), acredita que as sessões fora de Curitiba servem como uma forma de fazer com que as pessoas aprendam mais sobre o trabalho parlamentar. "Essas sessões são importantes para que a população conheça os deputados e saiba o que eles fazem", afirma. Verri, que é de Maringá, lembra que participou de uma sessão em Cascavel, na qual um dos temas em discussão foi justamente o papel da oposição no processo político. "Quando a população participa, ela aprende que o deputado não é apenas um despachante de obras."

No entanto, de acordo com o cientista político da UFPR Fabrício Tomio, os resultados das sessões no interior são limitados. "Os deputados, sobretudo aqueles da região onde a sessão é realizada, usam o evento como uma forma de promo­ção política, pois é um evento que dá visibilidade em suas bases eleitorais", afirma. "É menos uma sessão e mais uma forma de dar notoriedade aos políticos regionais".

Para Tomio, não há intercâmbio entre deputados de diferentes regiões, já que as sessões, em geral, não contam com a presença da maioria dos deputados das outras regiões do estado. De acordo com ele, a realização de audiências pú­­blicas nas regiões e visitas de comissões específicas para fiscalizar a ação do poder público seriam me­­didas mais efetivas.

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