| Foto: Leonardo Prado/Câmara dos Deputados

Deputados vão propor, durante a discussão da reforma política na Câmara, a volta da doação empresarial de campanha, por meio da criação de um fundo eleitoral.

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Duas propostas devem ser apresentadas durante os trabalhos da comissão especial da reforma política na Casa, prevista para ser instalada nesta quinta-feira (19).

A primeira prevê que pessoas jurídicas possam doar para o fundo eleitoral e que o dinheiro seja distribuído de forma proporcional entre os partidos. A outra permitiria que as empresas façam repasses para o fundo, mas deixando claro para quais partidos ou candidatos devem ser doados os recursos.

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O fundo eleitoral, conforme as propostas, seria administrado pela Justiça Eleitoral.

As doações de empresas para candidatos e partidos foram proibidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em setembro do ano passado. A norma está valendo para as eleições municipais deste ano e levou a uma redução significativa das arrecadações das campanhas. Segundo o TSE, no primeiro turno, a redução foi de 65% em relação ao mesmo período da campanha de 2012.

As propostas discutidas entre os parlamentares já foram apresentadas ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes. Favorável à volta do financiamento empresarial, Gilmar teria gostado das sugestões, segundo deputados ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Para permitir a volta da doação empresarial será preciso aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC). Pelas regras em vigor, apenas pessoas físicas e candidatos que utilizem recursos próprios podem fazer doações. As primeiras podem doar até 10% do valor bruto de sua renda no ano anterior ao da eleição, enquanto os candidatos podem se autofinanciar até o teto da campanha da cidade em que concorrem - esse teto corresponde a 70% do total gasto da arrecadação na eleição anterior no município.

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Na Câmara, as propostas contam com apoio da maioria dos partidos do Centrão – grupo de 13 partidos liderado por PP, PSD, PTB e PR – e de uma parte do PMDB. O argumento é de que, por meio do fundo eleitoral, as doações teriam “transparência” e estariam submetidas a “grande fiscalização”, pois seriam acompanhadas pela Justiça Eleitoral.

Antes de o Supremo tornar inconstitucional o financiamento de pessoas jurídicas, as empresas doavam diretamente aos candidatos. Críticos do sistema de doação empresarial argumentam que ele é a origem de escândalos de corrupção como o desvendado pela Operação Lava Jato.

Direcionada

Para o líder do PP na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PB), a proposta mais viável é a que prevê que as empresas poderão estabelecer para quais candidatos a doação será repassada. “Qual empresa vai querer doar sem saber para quem vai doar?”, disse. O parlamentar defende que é preciso definir claramente o modelo de doação. “Hoje, a Lava Jato criminalizou todo tipo de doação”, afirmou o deputado, que é investigado pela operação.

As propostas, contudo, terão a resistência de parte dos partidos de esquerda, contrários à volta do financiamento empresarial de campanha. “Sou contra. Não há nenhum espaço para retorno desse tipo de doação”, afirmou o deputado Vicente Cândido (PT-SP), relator da reforma política na Câmara. “Ideias vão aparecer de todo jeito, mas acho difícil propostas como essas passarem”, destacou o petista.

Segundo Cândido, em seu relatório - que irá a votação em plenário - ele pretende deixar espaço apenas para doação de pessoas físicas, e com um limite nominal fixo de doação igual para todos os doadores, como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo. O relator também vai defender um limite nominal “mais modesto” para o autofinanciamento dos candidatos. Os valores só serão discutidos na comissão.

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A doação de empresas é apenas uma das formas pensadas para abastecer o fundo eleitoral que deve ser criado para bancar as campanhas. Como mostrou a Coluna do Estadão, do jornal O Estado de S. Paulo, no último domingo, deputados também vão propor acabar com as propagandas gratuitas na TV e no rádio a que partidos têm direito ao longo do ano e destinar o dinheiro de renúncia fiscal do governo com esses programas para o fundo eleitoral.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.