75 deputados paranaenses foram ouvidos pela reportagem entre novembro de 2014 e janeiro de 2015 e responderam a um questionário de 27 perguntas elaborado pelo Observatório das Elites Políticas e Sociais do Brasil.
Instituição reúne pesquisadores da área de ciência política
O Observatório das Elites Sociais e Políticas do Brasil, que organizou o questionário usado para esta pesquisa, é uma instituição que congrega pesquisadores de ciência política e sociologia de diversas universidades brasileiras. O grupo é coordenado pelo professor Adriano Codato, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Além de Codato, participaram da pesquisa os professores Luiz Domingos Costa, da Uninter; Bruno Bolognesi, da Unila; e Fábia Berlatto, da UFPR. Além de idealizar as perguntas, os professores também fizeram os comentários com base nas respostas dadas pelos deputados e que podem ser vistos no infográfico ao lado.
A intenção dos pesquisadores agora é publicar um artigo científico com base no questionário. Segundo Luiz Domingos, o texto começará a ser produzido depois do carnaval, mas ainda não tem data para publicação.
Os deputados federais e estaduais eleitos pelos paranaenses em outubro do ano passado são, em sua maioria, favoráveis ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Acham que o preconceito contra homossexuais deve ser criminalizado. E acreditam que as polícias brasileiras precisam passar por uma "profunda reorganização". Se são menos conservadores nesses pontos, há outros em que a média do pensamento dos parlamentares do estado muda bastante. Um exemplo é a discussão em torno da maioridade penal: 79,5% dizem ser a favor de punições mais duras para adolescentes de 16 e 17 anos que pratiquem delitos.
INFOGRÁFICO: Veja o que os deputados pensam
Os resultados são de uma pesquisa inédita sobre a visão dos parlamentares do estado realizada em parceria pela Gazeta do Povo e o Observatório das Elites Sociais e Políticas do Brasil. Durante dois meses, um questionário elaborado pelos profissionais de ciência política do observatório foi aplicado aos deputados estaduais e federais eleitos em outubro. Responderam ao questionário 50 dos 54 deputados estaduais e 25 dos 30 deputados federais da bancada paranaense.
De acordo com os professores que integram o Observatório, a importância da pesquisa vem do fato de que, durante a campanha para eleições para deputado, o candidato tem pouco tempo para apresentar suas propostas no horário eleitoral gratuito e têm pouco tempo para se relacionar com os eleitores. Além disso, as posições dos políticos pode ser "disfarçada" pela vontade de ser neutro em temas polêmicos ou, pelo contrário, de assumir posições extremas para agradar a uma fatia do eleitorado.
Série de reportagens
A Gazeta do Povo publica de hoje até terça-feira os resultados da pesquisa, que foi dividida em três blocos. Hoje, aparecem as perguntas relativas a valores sociais. Amanhã, as perguntas relativas a instituições políticas. E na terça-feira, os assuntos relacionados à economia.
Na interpretação dos dados, os professores do Observatório chamam a atenção para o poder de pressão que a sociedade exerce sobre os parlamentares. Por um lado, a luta por direitos dos homossexuais, que já há algum tempo vem ganhando espaço na sociedade, pode ter feito com que os parlamentares tenham passado a "aceitar" a ideia do casamento entre pessoas do mesmo sexo e não apenas a união estável. Curiosamente, as respostas positivas a essa proposta, no meio político, até mesmo ultrapassaram a aprovação na população em geral a respeito do casamento homossexual.
Em outros casos, a opção popular por uma resposta mais conservadora também pode ser decisiva. No caso da população, só 4% acreditam que a atual lei da maioridade penal deve ser mantida como está enquanto o restante acha que a legislação precisa ser endurecida. Entre os deputados, o número de respostas a favor da atual legislação é maior, mas mesmo assim minoritário: são 15%.
As respostas de população foram extraídas de um levantamento encomendado pela Gazeta do Povo ao Instituto Paraná Pesquisas. Entre 27 de novembro e 3 de dezembro de 2014 foram ouvidos 1.530 eleitores paranaenses em 62 municípios. A margem de erro é de 2,5 pontos porcentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%.
Colaboraram: Vivian Faria, Taiana Bubniak, André Gonçalves, Amanda Audi, Kelli Kadanus e Katna Baran.
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