Após a confirmação do deputado Brizola Neto (PDT-RJ) como novo ministro do Trabalho, deputados do PDT reclamaram que o partido não foi consultado e que a escolha é pessoal da presidente Dilma Rousseff. Segundo o vice-presidente nacional do PDT, deputado André Figueiredo (CE), o partido "nunca foi chamado para conversar".
"O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) ligou depois da decisão tomada, para nos comunicar. Coloquei a insatisfação de nunca ter sido chamado, nos últimos cinco meses, para conversar. Não cabe aceitar, a decisão é da presidente, é pessoal, é direto dela. Mas o PDT, oficialmente, nunca foi chamado para conversar. Apenas fomos comunicados. Não tem porque questionar. E, não é porque houve a escolha de A, B ou C, que a gente vai deixar a base", afirmou.
Indagado se, com Brizola Neto na vaga, o PDT está representado, André Figueiredo respondeu de forma dúbia. "Posso dizer que ele é filiado ao PDT, a indicação não foi discutida com o partido. Só o tempo vai mostrar (as consequências da resistência ao nome de Brizola Neto)", disse.
Para o ex-líder do PDT Giovanni Queiroz (PA), o partido não está representado com a escolha de Dilma. Ele criticou a assessoria da presidente. "Entendemos que a presidente está mal assessorada. Se a assessoria tivesse dito a ela que ele não tem a simpatia, nem tem trânsito nem na bancada nem na Executiva, ela não teria indicado. Ideli (Salvatti, ministra de Relações Institucionais) sabia. Se ele tem o apoio das centrais, a presidente nomeou o ministro da Força Sindical e não do PDT", declarou o deputado. "O deputado Brizola Neto não conseguiu ganhar a confiança da bancada. Em todas as votações, ele não votou com a posição programática, mas seguindo a presidente. Ele é o queridinho da presidente, não é nosso. Se Brizola estivesse vivo, ele teria levado umas palmadas, apesar da lei. Ele trai princípios partidários do PDT. No Ministério fará o jogo da presidente não o de interesse do partido", completou disse Geovani.
O secretário-geral do PDT, Manoel Dias, está num encontro em Porto Alegre e foi direto, afirmando que não faria maiores avaliações sobre o comportamento da bancada e do partido porque ainda iria conversar mais com o presidente do PDT, Carlos Lupi. "O partido não avaliou. O partido está perplexo, porque ela (a presidente) fez uma indicação pessoal dela. Ela comunicou a escolha do ministro. Os partidos todos são ouvidos. Ao PDT, ela comunicou", disse Manoel, sem querer fazer mais comentários.
Dias constava na lista de três nomes indicados pelo PDT para assumir o Ministério do Trabalho. Além dele e de Brizola Neto, Vieira da Cunha (RS) também era cotado.
Sindicatos
O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), disse que o nome de Brizola Neto tem o apoio das centrais sindicais. Para o parlamentar, que fez campanha junto ao governo pela escolha do colega de bancada, a maioria da bancada do partido apoiará o novo ministro.
Na sexta-feira, o Palácio do Planalto fez sondagens, por meio do ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, para saber se o movimento sindical ainda apoiava de Brizola Neto. "Foi uma boa escolha. Ele tem o apoio de todas as centrais e, com certeza, terá apoio da maioria da bancada. Isso se resolve", disse Paulo Pereira da Silva. Segundo ele, Brizola Neto participará nesta terça-feira das comemorações do 1º de Maio, em São Paulo. A presidente Dilma estará representada por Gilberto Carvalho. Na quinta-feira, dia da posse de Brizola Neto, a presidente Dilma deve se reunir, antes da festa, com as centrais sindicais.
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