Youssef diz que ouviu do ex-deputado José Janene(PP-PR), já morto, que Aécio dividia uma diretoria de Furnas com o PP| Foto: Edilson Rodrigues /Agência Senado

Dois deputados federais e um deputado estadual do PT de Minas Gerais enviaram nesta quinta-feira (19) à Procuradoria-Geral da República um pedido de investigação sobre a eventual participação do senador Aécio Neves na chamada “lista de Furnas”.

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No documento, os deputados federais Adelmo Leão e Padre João, e o estadual Rogério Correia, dizem que os depoimentos do doleiro Alberto Youssef na Operação Lava Jato revelam indícios contra o Aécio e outros integrantes do PSDB de Minas Gerais num suposto esquema de desvio de recursos de Furnas Centrais Elétricas e da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) entre os anos de 1994 e 2002.

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Em depoimento prestado dentro do acordo de delação premiada, Youssef diz que ouviu do ex-deputado José Janene (PP-PR), já morto, que Aécio dividia uma diretoria de Furnas com o PP e que a irmão do hoje senador fazia a arrecadação dos recursos.

Como tal citação não motivou abertura de inquérito contra Aécio, uma vez que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, considerou as citações vagas e baseadas num “ouviu falar” por parte de terceiros já mortos, os deputados do PT pedem que uma investigação que corre sobre Furnas no Rio de Janeiro, sem a presença de autoridades com foro especial, seja puxada para a Procuradoria-Geral da República.

“Veja-se Senhor Procurador-Geral da República que muito embora Vossa Excelência já tenha feito algum juízo de valor em relação à possibilidade de abertura de inquérito sobre determinadas pessoas mencionadas nas colaborações premiadas no âmbito da Operação Lava Jato, notadamente em relação ao atual Senador Aécio Neves, é imprescindível que novas investigações sejam entabuladas e aprofundadas acerca dos vultosos desvios de recursos públicos em ambas as empresas no período de 1994 a 2002 (CEMIG e FURNAS)”, diz trecho da representação.

Com o enviou do pedido, Janot deverá analisar o material e se manifestar sobre uma eventual abertura de investigações ou sobre o arquivamento da petição nos próximos dias.

Outro lado
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A assessoria do senador Aécio Neves divulgou uma nota na noite desta quinta-feira (19) dizendo que a chamada “lista de Furnas” é “uma das mais conhecidas fraudes da política” brasileira, e que ela surgiu em 2005 como uma tentativa de desviar a atenção da opinião pública durante o escândalo do mensalão.

A nota diz ainda que não existe uma , mas sim três versões diferentes da lista que seriam insistentemente divulgadas pelo deputado Rogério Correia.

Leia a íntegra da nota:

“A chamada lista de Furnas – relação que contém nomes de mais de 150 políticos brasileiros de diferentes partidos - é uma das mais conhecidas fraudes políticas do país e já foi reconhecida como falsa em 2006 pela CPMI dos Correios. Surgiu em 2005, após a revelação do escândalo do Mensalão do PT, como tentativa de dividir a atenção da opinião publica.

Ao contrário do alardeado pelo PT, não existem uma, e sim três diferentes versões de listas de Furnas, que têm sido insistentemente divulgadas pelo deputado do PT de Minas Gerais Rogério Correia e pelo falsário Nilton Monteiro desde 2005.

Em 2011, o PSDB apresentou denúncia contra o deputado petista junto à Procuradoria Geral da República e espera que as autoridades investiguem a natureza da relação de Correia com Nilton Monteiro, processado e condenado por falsificação de inúmeros documentos.

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São muitas as provas da relação entre os dois que lançam graves suspeitas sobre o parlamentar. Conforme documento descoberto pela polícia, em 2005, poucos meses antes da Lista de Furnas surgir, Rogério Correia contratou os serviços de Nilton. Em 8 de janeiro de 2008, como não havia recebido o valor total do pagamento combinado pelos serviços prestados, Nilton registrou uma cobrança pública contra o deputado no 2º Ofício de Registro de Títulos de Documentos de Belo Horizonte.

Além disso, gravações feitas pela Polícia Federal comprovam que foi o gabinete parlamentar do deputado que forneceu modelos de assinaturas do diretor da estatal e de parlamentares ao falsário, assim como foram feitas a ele promessas de facilidades junto ao BNDES e a Caixa Econômica Federal. As gravações flagraram também o falsário ameaçando o deputado.

O deputado Rogério Correia se recusa até hoje a explicar para que contratou os serviços de Nilton Monteiro em 2005 e também a esclarecer a natureza dos diálogos gravados pela Polícia Federal.”