A Assembléia Legislativa vai iniciar uma mobilização na próxima semana para cobrar do governo do estado um programa emergencial de auxílio financeiro para os produtores de leite que estão tendo prejuízos com a febre aftosa. O movimento está sendo encabeçado pelo segundo vice-presidente da Assembléia, Augustinho Zucchi (PDT), que é engenheiro agrônomo ligado ao setor rural da região de Pato Branco. O deputado também vai sugerir a apresentação de uma emenda coletiva ao Orçamento do Estado de 2006 para aumentar os recursos para a agricultura no Paraná.
Para Zucchi, não adianta apenas o governo federal indenizar os produtores que tiverem animais abatidos por causa do foco de febre aftosa. "E o leite que está sendo jogado fora? Quem vai pagar o prejuízo? O produtor não é culpado, cuidou do rebanho, vacinou e não pode ser penalizado", argumenta o deputado. "Tanto o governo federal como estadual têm de tomar uma atitude drástica".
Outra proposta que será discutida pelos parlamentares será a ampliação dos recursos previstos no Orçamento do próximo ano para a agropecuária. O governo pretende destinar R$ 252 milhões, ou seja 1,47 % de um montante de R$ 17,2 bilhões. "Já tivemos orçamento muito maior para a agricultura. É muito pouco em relação ao que representa o setor para o estado, a produção e a geração de empregos", comparou Zucchi.
Através de uma emenda coletiva, assinada pelos 54 deputados, Augustinho Zucchi considera possível modificar o bolo orçamentário e destinar mais recursos para programas voltados para a área rural. "Acho que não devemos apresentar emendas individuais porque o governador não cumpre, mas temos obrigação de sugerir porque é uma área muito importante para a economia do Paraná", afirmou.
O tema está mobilizando deputados de todos os partidos. O líder do PFL, Plauto Miró Guimarães, está solicitando ao governo que interceda perante ao governo do estado de São Paulo para que seja liberada a passagem dos caminhões de leite dos agricultores dos Campos Gerais. As cargas paranaenses estão sendo barradas na divisa entre os dois estados.
Segundo Miró, a maioria dos produtores da região vendem leite para a Nestlé, instalada em São Paulo. "Muitos tiveram seus caminhões presos na barreira instalada na divisa do estado paulista. O que eles vão fazer com esse leite perecível?", questionou Guimarães. "Estão tendo que descartar o produto. Se resolverem doar a população e causar problemas de saúde podem ser responsabilizados judicialmente."
Governistas culpam o governo federal pelo reaparecimento da doença e saem em defesa do governo do estado. A deputada Elza Correia avalia que o Paraná serve de modelo para outros estados porque já dispõe de um fundo de emergência com R$ 20 milhões. "Essa questão passa pela falta de planejamento e fragilidade do sistema de vigilância sanitária do governo federal. É simplista demais reduzir a responsabilidade de tamanho desastre aos pecuaristas, aos governadores de estado ou ao Paraguai", disse a deputada.
Para ela, o governo federal poderia ter evitado a doença se tivesse criado um programa mais agressivo de rastreamento, fiscalização e acompanhamento da febre aftosa em todos os estados.
O líder da oposição, Valdir Rossoni (PSDB), avalia que o governo do estado falhou ao abrir mão de R$ 1,5 milhão destinados à sanidade animal no Paraná. O governador preferiu deixar os recursos à disposição do Mato Grosso do Sul e não têm direito de reclamar se termos que enfrentar aqui uma crise de aftosa", disse.
Na defesa do governo federal e estadual, a deputada Luciana Rafagnin (PT) garante que já foram adotadas as medidas recomendadas pelas normas internacionais nos casos de suspeita de foco da doença. O governo do Paraná, segundo ela, rastreou os produtores que compraram gado nas exposições agropecuárias de Londrina e Toledo, interditou as propriedades e os animais. "Enquanto isso, o presidente Lula já determinou a alocação de verbas para o Fundo de Emergência criado pelo Mato Grosso do Sul a fim de socorrer pequenos criadores de gado leiteiro da região. Entretanto, o problema é sério e não será resolvido se atribuirmos a responsabilidade a este ou aquele governo, a este ou aquele produtor", completou.
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