Deputados tietaram o procurador Deltan Dallagnol, da Lava Jato.| Foto: Luís Macedo/Câmara dos Deputados/Fotos Públicas

Em uma plateia esvaziada, com poucos deputados em plenário, o procurador da República que coordena as investigações da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, ouviu discursos elogiosos aos trabalhos que apuram o maior esquema de corrupção no país e promessas de que a Câmara dos Deputados vai acelerar o projeto de lei das Dez Medidas de Combate à Corrupção.

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Durante a sessão, os deputados elogiaram a atuação da “República de Curitiba”. “É inegável que o país sai fortalecido com o impeachment e os avanços das investigações da Lava Jato”, declarou na tribuna o líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA). O tucano disse que o Estado brasileiro foi “assaltado”, defendeu o estatuto da delação premiada e disse que se tornou oportuna a aprovação das medidas propostas pelo Ministério Público. “A Lava Jato tem um dono: ela pertence à sociedade brasileira”, comentou o deputado Roberto de Lucena (PV-SP).

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Pela bancada do PT, falou o deputado Henrique Fontana (RS). O petista criticou o discurso que impõe a pecha de corrupto à sua legenda e disse que a corrupção está “em quase todos os partidos”. “Queremos que todos sejam julgados, mas que ninguém seja condenado a partir de vazamentos ilegais e manchetes de jornais”, afirmou.

Ao associar o impeachment da presidente Dilma Rousseff a um golpe de Estado, Fontana foi interrompido por uma participante na plateia, que questionou se o tema da reunião era o pacote anticorrupção ou o impeachment. O petista seguiu seu discurso dizendo que não seria censurado.

Bandeira suprapartidária

O vice-líder do PSol, Chico Alencar (RJ), disse que a luta contra a corrupção tem de ser uma bandeira suprapartidária porque esta atinge a todos. Alencar atacou a “cara de paisagem” que os caciques partidários fazem quando os seus aliados são alvo de denúncias. “É preciso rasgar o véu da hipocrisia”, clamou o deputado, pedindo celeridade e vontade política para a votação da matéria.

Aliado do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o vice-líder do PMDB, Carlos Marun (MS), afirmou que a prisão preventiva não pode ser corriqueira e criticou a “criminalização da política”. “A grande maioria dos homens e mulheres (no Congresso) são dignos, tanto que fomos eleitos”, discursou.

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Assédio

Dallagnol acompanhou os discursos sentado na mesa da presidência como convidado especial. Ao sair rapidamente para ir ao banheiro, foi assediado pelos participantes no cafezinho do plenário, que aproveitaram para tirar fotos com o procurador, que atendeu a todos os pedidos.

O pacote com 10 medidas de combate à corrupção está em uma comissão especial da Câmara, que aguarda sua instalação porque alguns partidos - entre eles PT, PSDB e PMDB - ainda não indicaram seus representantes.