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A fidelidade partidária é o tema considerado pela maioria dos deputados estaduais como o mais importante da reforma política a ser debatido no Brasil. Com a discussão sobre mudanças no sistema eleitoral acontecendo no Congresso Nacional, a Gazeta do Povo ouviu 51 dos 54 deputados estaduais e apurou que a maior parte deles – 28 parlamentares – cita a fidelidade partidária como tema a ser privilegiado numa reforma política.

A preocupação dos deputados passa por fortalecer as legendas e evitar o troca-troca partidário de políticos. No Paraná, dos 51 deputados estaduais entrevistados, 33 deles já trocaram pelo menos uma vez de partido. Além da fidelidade partidária, os deputados indicaram também que uma reforma pública deveria abordar temas como financiamento público de campanha (12 indicações), voto distrital (9) e fim das coligações em eleições proporcionais (6), valorização dos partidos (6), diminuição de partidos (5) e cláusula de barreira (4).

O deputado Luiz Carlos Martins (PDT), que já passou por cinco siglas (PMDB, PSL, PTB, PSC, PDT), é um dos que acredita na necessidade de fortalecimento dos partidos. "Veja o meu caso", diz ele, referindo-se às mudanças partidárias pelas quais já passou. "Tive de mudar de partido por causa de problemas internos das legendas. A infidelidade é um problema muito sério. Com a reforma os políticos precisarão ‘brigar’ dentro dos partidos e não simplesmente sair das legendas", disse. Martins deu como exemplo também a adesão dos prefeitos do PDT à candidatura de reeleição do governador Roberto Requião (PMDB) em detrimento à do senador Osmar Dias (PDT), que perdeu a disputa por 10 mil votos.

Reforma

No levantamento realizado pela reportagem, a maioria dos deputados se posicionou também de forma otimista com relação às discussões de reforma política do Congresso Nacional. Na avaliação de 39 dos 51 parlamentares, ela deverá trazer melhorias para a democracia brasileira. Desses 39 deputados, 28 entendem que a reforma ajudará na mudança dos valores políticos dominantes e os outros onze acreditam que uma reforma política vai trazer melhorias em quaisquer circunstâncias.

O líder do PMDB na Assembléia, Waldyr Pugliesi, também está entre os que acreditam que a reforma política pode fortalecer os partidos e levar à fidelidade partidária. "Os políticos precisam ser fiéis ao programa e ao estatuto partidário. O mandato tem de estar vinculado ao partido", declarou.

Doze parlamentares discordam que a reforma política possa trazer benefícios reais. Na opinião deles, antes é preciso mudar os valores da classe política. Entre os céticos quanto aos resultados da reforma política está o deputado Tadeu Veneri (PT). "A reforma não tem um papel central. É um falso debate", declara. Para o parlamentar, o ponto a ser discutido deveria ser um acordo de combate à corrupção, com reformas que dissessem respeito à imprescritibilidade e a proibição de fiança para crimes de corrupção.

Outra voz discordante sobre as melhorias resultantes de uma reforma política é a da deputada Beti Pavin (PMDB). A parlamentar entende que mudanças podem trazer novos problemas, como o "caciquismo", fortalecendo somente as lideranças que dominam as estruturas das legendas.

Nas próximas três segundas-feiras, a Gazeta do Povo irá publicar os resultados de consultas feitas aos deputados estaduais que demonstram o que pensam os representantes da população.

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