Interatividade
Qual a sua opinião sobre a mobilização dos deputados para acabar com a reeleição da mesa diretora da Assembleia?
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Na primeira semana de trabalho depois do recesso de fim de ano, a proposta de emenda à Constituição do Paraná (PEC) que veda a reeleição da mesa diretora tomou conta das conversas de bastidores na Assembleia Legislativa. Apesar de nenhum deputado admitir que tenha assinado a PEC, a proposta já teria 32 assinaturas 14 a mais que o mínimo necessário para que ela entre em tramitação. Por enquanto, os parlamentares estariam aguardando os próximos passos do presidente da Casa, Valdir Rossoni (PSDB), para decidir se e quando vão apresentá-la. O posicionamento que o governador Beto Richa (PSDB) adotará em relação à reeleição de Rossoni seria outro motivo para o compasso de espera dos idealizadores da proposta. A eleição da nova direção da Assembleia será em dezembro.
A articulação em torno da PEC teve início nas últimas sessões de 2011, logo após Rossoni suspender o pagamento do 14.º e 15.º salários dos deputados estaduais, sem consultar os colegas. A perda dos R$ 40 mil pagos a título de "ajuda de custo" irritou a maioria dos parlamentares, que, a partir daí, passou a recolher assinaturas para a proposta como retaliação ao corte do benefício. Apesar de apenas 18 deputados terem se manifestado abertamente a favor do fim da reeleição da Mesa, 32 já teriam assinado o documento.
Nem mesmo os quase 50 dias de férias foram suficientes para amenizar o atrito entre Rossoni e os demais deputados. Na sessão da última quarta-feira, Fernando Scanavaca (PDT) questionou Stephanes Jr. (PMDB), que presidia os trabalhos, sobre o andamento da coleta das assinaturas para a PEC. Visivelmente constrangido, o peemedebista disse que a proposta não estava mais com ele e que iria se informar sobre o destino do documento.
Questionado pela reportagem, Stephanes negou ser o autor da PEC ou o responsável pelo recolhimento das assinaturas. "Ele é, sim, um dos que estava com a lista. Mas foi mais uma brincadeira do que uma coisa séria, porque pareceu que ele estava tomando gosto pela presidência. Será que a PEC é em causa própria, então?", declarou Scanavaca.
Brincadeiras à parte, os articuladores da proposta estariam aguardando as próximas medidas de Rossoni à frente da presidência, antes de tomar qualquer atitude. Há duas semanas, por exemplo, o tucano aumentou a verba parlamentar de R$ 27,5 mil para R$ 31,4 mil mensais, numa tentativa de reaproximação com os colegas, de olho na reeleição. O tucano negou qualquer caráter eleitoreiro no reajuste. Entre os deputados, porém, é quase unanimidade que nenhuma medida será capaz de reverter o jogo a favor de Rossoni. "O deputado Artagão Jr. [primeiro-vice-presidente da Casa] é o candidato da maioria à presidência. Ele ou qualquer outro que disputasse com o Rossoni hoje ganharia, sem necessidade de aprovar a PEC", revelou um parlamentar. Artagão não foi encontrado pela reportagem.
O único trunfo capaz de mudar esse quadro seria a entrada de Beto Richa na campanha de reeleição de Rossoni. Vários deputados, no entanto, garantem ter ouvido da boca do governador que ele não vai se meter no assunto. "Os dois são parceiros, mas o Rossoni quer ser senador e o Beto precisa da vaga [de presidente da Assembleia] para negociar com outros partidos em 2014", afirmou um parlamentar. "O Beto me disse que acabar com a reeleição [e tirar o Rossoni da presidência] resolveria um problema para ele", disse outro deputado.
Outro lado
Procurado por telefone, Rossoni não foi encontrado para comentar o assunto. Desde a primeira sessão do ano, na última segunda-feira, ele não concede entrevistas. A decisão é tida como uma forma de o tucano evitar novos atritos com os colegas, já que foi recebido com frieza pelos deputados na volta dos trabalhos legislativos clima praticamente idêntico ao do fim do ano passado.
Nas vezes em que se manifestou sobre a PEC, o tucano afirmou que pleitear o fim da reeleição é um direito dos colegas. "Não nasci presidente e não vou morrer presidente", disse à Gazeta do Povo.
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