Brasília (AE) O clima de confronto instalado no Congresso há mais de cinco meses, desde que surgiram as primeiras denúncias sobre o mensalão, tem levado deputados e senadores a se julgarem vigiados, vítimas de espionagem. O presidente do Conselho de Ética da Câmara, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), disse ontem ter sido vítima de grampo telefônico descoberto há seis dias, segundo ele, por um amigo técnico em telefonia.
Izar contou que os grampos estavam em seus telefones do escritório e de sua casa em São Paulo. Ele afirmou que pediu à Polícia Federal e à segurança da Câmara que investigassem se também seus telefones de Brasília, incluindo o celular, estavam grampeados. "Não sei com que interesse grampearam os meus telefones", disse Izar. Ele descartou a hipótese de o grampo ter sido feito pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). "Não tem fundamento falar que a Abin está grampeando telefones", disse.
Nesta semana, o clima de perseguição entrou no auge, após a denúncia do senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) de que o governo contratou uma pessoa para espionar sua família em Manaus.
Na terça-feira, o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) também foi a público dizer que tinha certeza de que estava sendo grampeado e acusou a Abin.
Serraglio
O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB- PR), é outro que tem suspeitas de que está sendo grampeado. "Estou desconfiado. Meu telefone não tem funcionado normalmente nos últimos dois meses", afirmou Serraglio, que já chamou a empresa telefônica para verificar o telefone de sua casa.
A senadora petista Ideli Salvatti (SC) também trabalha com a hipótese de estar sendo vítima de escuta telefônica e espionagem. "Já fiz varredura com o pessoal da segurança do Senado. Mas eles informaram que, com a atual sofisticação dos equipamentos, está cada vez mais difícil pegar", afirmou.
O líder do PSDB na Câmara, deputado Alberto Goldman (SP), minimiza a questão dos grampos e diz que não está preocupado. "Desde os tempos em que eu era do Partidão (PCB), depois líder do MDB na ditadura, sempre me acostumei com essa vida e parto sempre do princípio de que meu telefone está grampeado. Não dou a mínima pelota", disse Goldman.
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