A goleada de 7 a 1 sofrida pelo Brasil para a Alemanha reacendeu a disputa eleitoral envolvendo a Copa um tema que havia esfriado enquanto a seleção nacional avançava na competição e as previsões de insucesso na organização do Mundial não se concretizavam. O senador Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência, criticou ontem a presidente Dilma Rousseff (PT) afirmando que "aqueles que tentaram se apropriar" do evento vão pagar o preço por isso. A presidente, por sua vez, buscou se dissociar do mau resultado da seleção em campo, exaltando o sucesso da Copa fora das quatro linhas. Já o candidato à Presidência pelo PSB, Eduardo Campos, procurou se manter distante da discussão futebolística.
Em campanha no Espírito Santo, Aécio atacou Dilma. "Sempre fui muito reto nas minhas palavras. Copa do Mundo é uma coisa, eleição é outra. O governo da presidente Dilma é que, infelizmente, a cada momento, tem uma reação diferente", disse ele. "Quando vieram as manifestações [de junho do ano passado], ela não tinha nada a ver com Copa do Mundo. Quando a Copa dá certo, parecia até que era ela a artilheira da seleção. Acho que quem vai pagar o preço são aqueles que tentaram se apropriar de um evento que é de todos os brasileiros", afirmou o tucano.
Desde o ano passado, Aécio tem buscado manter certa distância da Copa. Apesar disso, como governador de Minas Gerais, ele teve papel fundamental para garantir a participação de seu estado no evento e para garantir que Belo Horizonte tivesse duas partidas da seleção brasileira.
Estratégia invertida
O Planalto, por sua vez, intensificou ontem a ofensiva para tentar dissociar a presidente Dilma do vexame da seleção. Com medo de que o mau humor com a seleção respingue na campanha eleitoral, o governo irá destacar a bem-sucedida organização do Mundial. Meses antes da competição e até a derrota para a Alemanha, a ordem era celebrar o futebol em si para desviar a atenção das possíveis deficiências na organização. O slogan cunhado para definir a estratégia foi a "Copa das Copas". Agora, a estratégia está sendo invertida. No lugar do ufanismo em torno da seleção, entra agora a retórica da organização "impecável" do evento.
Em entrevista à rede norte-americana de televisão CNN, Dilma Rousseff disse que o mundo inteiro tem de reconhecer que o Brasil soube organizar e receber a Copa. Sobre a partida com a Alemanha, afirmou não ter um conhecimento profundo de futebol, mas disse acreditar que a ausência dos jogadores Neymar e Thiago Silva teve efeito para na derrota por 7 a 1. Mas pediu renovação no futebol brasileiro no que foi acompanhada pelo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, que defendeu intervenção estatal na CBF.
Já Eduardo Campos (PSB) se distanciou da Copa embora como governador de Pernambuco tenha sido importante para levar jogos ao seu estado. "Nossa proposta foi, é e sempre será trabalhar a favor do Brasil. Queremos sempre que as coisas no Brasil deem certo", disse ao ser questionado sobre o resultado da seleção. Ele afirmou que não irá explorar politicamente o assunto.
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