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O governador Roberto Requião tentou mostrar ontem, em seu discurso de despedida, como vitórias do seu governo, embates que podem ser considerados derrotas porque tiveram pouco resultado prático, como a briga pela proibição dos transgênicos e a tentativa de reduzir o preço do pedágio.

Ao tentar impedir o plantio e a comercialização dos produtos geneticamente modificados no Paraná, Requião disse que teve de enfrentar quase sozinho, "sob cerco da mídia, das cooperativas e das poderosíssimas cinco irmãs do cartel internacional das sementes, a batalha dos transgênicos". A briga, segundo ele, teria valido a pena. "Hoje, dos estados produtores de soja e de milho, o Paraná é o que tem a menor área de produção de grãos geneticamente modificados. Isso quer dizer que os nossos produtores de soja e milho convencionais têm a garantia de melhores preços no mercado internacional, já que o mundo todo restringe o consumo de transgênicos", afirmou.

Porém, a informação não coincide com dados apurados pela Gazeta do Povo. Na safra 2009/10 (em fase final de colheita), o Paraná cobriu 64,3% da área destinada à oleaginosa com sementes geneticamente modificadas. Em Mato Grosso – maior produtor de soja do país e único à frente do Paraná –, a soja transgênica está em 55% da área. Dos 6,09 milhões de hectares cultivados com a oleaginosa no estado, 3,35 milhões de hectares são geneticamente modificados.

O dado é do Indicador de Safra RPC, que faz o levantamento da produção de grãos no Paraná e no Brasil. O levantamento ainda mostra que a participação dos transgênicos na lavoura de soja do estado é crescente. No primeiro ano da pesquisa, safra 2006/07, que coincide com o início do segundo mandato do governador Roberto Requião, 47% da área de soja do estado era geneticamente modificada, porcentual que foi a 49% na safra seguinte (2007/08) e 56% no ciclo 2008/09.

No caso do pedágio, o governador afirmou ontem que espera um "pedido de desculpas" da imprensa que não teria enfatizado que nenhum aumento da tarifa foi autorizado pelo governo. Embora contabilize segurar a alta da tarifa como grande conquista da atual administração, o governador não conseguiu cumprir sua principal promessa de campanha, em 2002, que ficou marcada com a frase "ou o pedágio baixa ou acaba".(KC)

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