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Os dois principais grupos de parlamentares que encabeçam a luta pela transparência e pelo combate à corrupção no Congresso Nacional enfrentam divergências entre seus principais nomes. O presidente da Frente Parlamentar de Combate à Corrupção, formada em 2004, deputado Paulo Rubem Santiago (PDT-PE), é antigo desafeto do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), inspirador do Movimento Brasil Transparente, formado há três semanas. Os dois têm um longo histórico de conflitos em Pernambuco, ocorridos durante os seis anos em que Jarbas foi governador do estado (1999-2006).

Santiago foi deputado estadual até 2003 e gastou grande parte do mandato denunciando supostas irregularidades da administração Jarbas Vasconcelos. A principal delas seria a duplicação de 120 quilômetros da BR-232, no trecho que liga os municípios de Recife e Caruaru. "Havia vários indícios de sobrepreço na obra (avaliada na época em R$ 167 milhões). Eu denunciei. E o que aconteceu? Acabei processado pelo governo do mesmo homem que hoje defende a moralidade aqui em Brasília", afirma Santiago.

De origem petista, Santiago acaba de se livrar de um processo de perda de mandato movido pelo PT contra ele por infidelidade partidária. "Isso só aconteceu porque eu fui contra os interesses de muita gente do partido, fiz muito barulho durante a CPI das Ambulâncias", justifica. Durante os trabalhos da comissão, que desvendou a máfia dos sanguessugas e recomendou a cassação de 72 deputados em 2006, Santiago aproximou-se do colega Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ).

Ambos são hoje os principais nomes da Frente Anticorrupção. "Chegamos à conclusão de que era preciso tomar medidas mais profundas no combate à corrupção. Não adianta ficar de denúncia vazia em denúncia vazia. É preciso entender todo o problema estrutural", diz Santiago.

O pedetista nega que o grupo não tenha alcançado objetivos ao longo dos quase cinco anos de existência. "Os projetos só não andaram de 2007 para cá porque o Arlindo Chinaglia (PT-SP, ex-presidente da Câmara) não deixou." A informação é confirmada pelo deputado paranaense Osmar Serraglio (PMDB), que foi membro da Mesa Diretora entre 1997 e fevereiro de 2009.

Desde o ano passado, o grupo luta pela criação de uma comissão especial para discutir o andamento dos 68 projetos de combate à corrupção que estão parados. Além disso, a frente já tem pronta uma campanha de comunicação contra a prática, com o slogan "A corrupção deixa marcas". As peças para televisão e rádio estão prontas desde o ano passado e a veiculação delas, assim com a abertura da comissão especial, voltou a ser discutida na semana passada por deputados da frente com o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP).

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