Greve da PF atrasa passaportes e ameaça perícias para Operação Navalha
A Federação Nacional dos Policiais Federais e outras entidades da categoria anunciaram uma paralisação de 72 horas, em todo o país, a partir desta terça-feira (22). Até quinta-feira (24), policiais só devem trabalhar em serviços considerados essenciais, como os flagrantes e a custódia de presos.
- Greve da PF atrasa passaportes e ameaça perícias para Operação Navalha
- Policiais federais fazem paralisação de 72 horas
- PF prepara 2ª fase da operação
- Lula decide futuro de ministro nesta terça
- Senador petista Delcídio Amaral alega não saber que jatinho seria pago por Zuleido
- Tarso Genro vê relatório da PF e diz que não há provas contra Silas
- Ministro das Minas e Energia Silas Rondeau estuda pedir demissão
Depois de ouvir um relato do ministro da Justiça, Tarso Genro, sobre a operação Navalha, da Polícia Federal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que a operação tem de prosseguir e as investigações precisam ir a fundo "doa a quem doer". A avaliação foi feita durante reunião de coordenação, que durou cerca de duas horas. O encontro terminou por volta de 11h45min e não teve a participação do ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau.
O Palácio do Planalto confirmou que há previsão de Lula receber ainda hoje o ministro para discutir a operação Navalha e o noticiário da imprensa, mas sem horário previsto. A PF acusa Rondeau de ter recebido propina de R$ 100 mil da Gautama, empreiteira que operava o esquema de desvio de verbas públicas. O dinheiro, segundo a PF, teria sido levado por emissários do empresário Zuleido Veras, dono da empresa e suposto chefe do esquema de corrupção.
Segundo o blog do colunista Ilimar Franco, o ministro vai se afastar para não comprometer o governo federal no escândalo da empreiteira Gautama. Aliados políticos do ministro querem que ele saia da linha de tiro, o que não ocorrerá se ele permanecer à frente do ministério. No fim da tarde de segunda, auxiliares do presidente disseram que o afastamento de Silas poderia se transformar numa licença, no estilo do ex-ministro Henrique Hargreaves, no governo do presidente Itamar Franco. Mas isso vai depender da conversa que acontecerá nesta terça. Também nesta terça-feira, o STJ ouve mais depoimentos de suspeitos presos pela PF.
Além de Lula e Tarso, participaram da reunião de coordenação o vice-presidente José Alencar e os ministros Luiz Dulci, da Secretaria Geral da Presidência, Dilma Rousseff, da Casa Civil, Walfrido Mares Guia, das Relações Institucionais, Paulo Bernardo, do Planejamento, e Franklin Martins, da Secretaria de Comunicação. O único integrante da coordenação que está ausente na reunião é o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que está viajando. O chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, também participou da reunião no Planalto.
Ministro: prejulgamento é horrível
Na segunda-feira, Silas deu explicações a Lula, negando a propina, e afirmou que nada será provado contra ele.
- Não vão conseguir provar nada, porque eu nunca recebi - disse Silas, na conversa com o presidente.
Para jornalistas, ainda no Paraguai, onde acompanhou a comitiva de Lula, Rondeau disse que as denúncias contra ele causam indignação , e que o prejulgamento é "horrível". O ministro disse que tem uma biografia a zelar, que esta "acima de cargo, acima de tudo" e que cabe à Justiça investigar o seu suposto envolvimento no recebimento de propinas. Mais tarde, o Ministério das Minas e Energia divulgou nota para esclarecer o envolvimento da Gautama com o Programa Luz para Todos.
Silas estaria sem condições de manter ritmo de trabalho no ministério
O governo está bastante cauteloso diante do episódio. A avaliação inicial é de que o relatório da PF faz uma acusação frágil, mas ninguém descarta que pode haver mais coisas que não foram tornadas públicas. Além disso, um assessor de Lula acrescentou que o ministro está "abaladíssimo" e deu demonstrações de que não teria condições emocionais de manter seu ritmo de trabalho no ministério, considerado estratégico para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e, ao mesmo tempo, defender-se das acusações contidas no relatório da PF.
Investigação também no Ministério dos Transportes
E os problemas no governo podem não estar restritos ao Ministério das Minas e Energia. Uma linha paralela de investigação da Operação Navalha apura o pagamento de propinas pela empreiteira Gautama para a liberação de verbas do Ministério dos Transportes. A obra que virou alvo da investigação é a pavimentação da BR-319, no Amazonas. Além da investigação feita pela PF, o Ministério Público Federal também apura denúncias de favorecimento da Gautama, e até mesmo se houve atuação do ministro Alfredo Nascimento (PR-AM) em favor da obra.
Tarso: Não existem provas contra Silas Rondeau
O ministro da Justiça, Tarso Genro, que vem mantendo o presidente Lula informado sobre detalhes operação analisou o relatório da PF e garantiu, na segunda-feira, que não existem provas contra Rondeau .
Quem também se manifestou foi o presidente da República em exercício, José Alencar, que defendeu nesta segunda a ampla investigação das denúncias , mas afirmou que ninguém pode ser condenado com base apenas em indícios.
Já o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), defendeu Silas Rondeau :
- Não há nada que comprove o envolvimento do ministro - afirmou.
PCC: corrupção policial por organizações mafiosas é a ponta do iceberg de infiltração no Estado
Estado é incapaz de resolver hiato da infraestrutura no país
Quase 40 senadores são a favor do impeachment de Moraes, diz Flávio Bolsonaro
Festa de Motta reúne governo e oposição, com forró, rapadura, Eduardo Cunha e Wesley Batista
Deixe sua opinião