• Carregando...
O Carf, órgão investigado, faz parte do Ministério da Fazenda. | Bia Fanelli/Folhapress
O Carf, órgão investigado, faz parte do Ministério da Fazenda.| Foto: Bia Fanelli/Folhapress

A Polícia Federal já concluiu buscas na manhã desta quinta-feira, 26, em dois gabinetes do Carf - Conselho de administração de Recursos Fiscais e em residências de funcionários do órgão, responsável pelo julgamento de recursos administrativos de autuação promovidas pela Receita Federal. A investigação já apurou prejuízo de R$ 5,7 bilhões aos cofres públicos, mas os valores, segundo fontes, devem ultrapassar os R$ 19 bilhões, tornando a chamada Operação Zelotes (de zelador), mais vultosa do que a Lava Jato.

Operação desarticula quadrilha suspeita de fraudar R$ 19 bilhões da Receita

Policiais federais cumprem mandados de busca e apreensão nos estados de São Paulo, do Ceará e no Distrito Federal

Leia a matéria completa

Ao todo, foram expedidos 41 mandados de busca e apreensão e determinado sequestro de bens e bloqueio de recursos financeiros dos principais envolvidos. A Receita e a Corregedoria informaram que as operações se estenderam a escritórios de advocacia e a salas de conselheiros do Carf. A operação abrange o Distrito Federal, São Paulo e o Ceará, e conta com a participação de 180 policiais federais, 60 servidores da Receita e três servidores da Corregedoria Geral do Ministério da Fazenda.

Operação Zelotes detecta lavagem de dinheiro por consultorias

Os envolvidos no esquema de corrupção usavam empresas de consultoria para lavar dinheiro. De acordo com o delegado da Polícia Federal Marlon Cajado, responsável pela operação, advogados e lobistas procuravam ativamente empresas.

“Existe uma questão endêmica de grupos que atuavam lá para fazer esse patrocínio de interesses privados utilizando a posição de funcionários públicos”, disse.

Segundo Cajado, são investigados um conselheiro do Carf e nove ex-conselheiros. São investigadas cerca de 70 empresas em setores como financeiro, indústria automobilístico e agrícola.

Órgão do Ministério da Fazenda

O Carf julga processos na esfera administrativa, em que contribuintes questionam a cobrança de tributos. É um colegiado formado por funcionários do Ministério da Fazenda e por representantes da sociedade. Ele é composto por três seções de julgamento, cada uma especializada em um grupo de tributos. Assim, por exemplo, a primeira seção julga casos relacionados ao Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Na segunda, vão os questionamentos sobre o Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) e contribuições previdenciárias. Na terceira, estão os processos referentes ao PIS/Cofins, Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto de Importação (II) e Imposto de Exportação (IE).

PF apreende mais de R$ 800 mil em apartamento de ex-conselheiro do Carf

A Polícia Federal faz desde o início desta nesta quinta-feira, 26, buscas na residência do ex-vice-presidente da 3ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) Leonardo Siafe Manzan. Segundo fontes envolvidas na ação, foi apreendida quantia superior a R$ 800 mil no apartamento do investigado - um duplex de alto padrão, na Asa Sul de Brasília. Até o início da tarde, os policiais ainda concluíam o auto de apreensão, com o balanço de tudo o que foi recolhido.

As buscas fazem parte da Operação Zelotes, que investiga crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, advocacia administrativa, tráfico de influência e associação criminosa no Carf, que é uma espécie de tribunal da Receita Federal. Investigadores acreditam que os desvios no conselho podem superar os valores da lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato, estimados em R$ 10 bilhões. A reportagem telefonou para a casa de Manzan, mas a informação da atendente, que não se identificou, foi de que ele não estava disponível para falar a respeito da operação.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]