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Nem a declaração de Fernando Henrique em favor da renúncia de Dilma unificou caciques tucanos. | Frederico Haikal/Hoje em Dia
Nem a declaração de Fernando Henrique em favor da renúncia de Dilma unificou caciques tucanos.| Foto: Frederico Haikal/Hoje em Dia

A estratégia sobre o que fazer após uma possível queda da presidente Dilma Rousseff provoca um impasse entre os principais líderes do PSDB a respeito de como tirá-la do cargo. O debate sobre o “dia seguinte” expõe um racha interno entre três caciques – os senadores Aécio Neves e José Serra e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Nem a intervenção do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a favor da renúncia foi capaz de unificar o discurso.

“Há consenso de que Dilma deve sair, mas insegurança sobre o que vai acontecer caso isso se concretize”, descreve o senador paranaense Alvaro Dias. “Uma coisa é certa: não dá para defendermos a renúncia. É um ato unilateral que cabe à presidente, então só o impeachment está ao nosso alcance”, afirma o senador.

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O posicionamento do parlamentar, que é líder da oposição no Senado e cogita deixar o PSDB, contrasta com o de FHC. Na última segunda-feira, o ex-presidente divulgou um texto em que descreveu a renúncia como “gesto de grandeza” de Dilma. Um dia depois, o secretário nacional da legenda, deputado federal Silvio Torres (SP), disse que a sugestão de Cardoso unificaria o partido – previsão desfeita nas horas seguintes por colocações de Aécio e Alckmin.

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“Cada vez fica mais evidente que o PSDB não consegue se desamarrar dos projetos pessoais de seus dirigentes”, avalia o cientista político da Universidade de Brasília Antonio Flávio Testa. Para ele, Serra joga com a hipótese de queda de Dilma por impeachment e uma composição dos tucanos com o PMDB de Michel Temer. Já Aécio quer a cassação da chapa Dilma-Temer ou renúncia da dupla para a realização de novas eleições antecipadas. E Alckmin deseja manter o PSDB na oposição (com ou sem Dilma) e se apresentar como opção de candidato em 2018.

A situação remete à crise que levou ao impeachment de Fernando Collor, em 1992. Na ocasião, o vice-presidente Itamar Franco (PMDB) assumiu e fez um governo de concertação com diversos partidos. PT e PSDB foram convidados a participar, mas apenas os tucanos aceitaram – FHC assumiu inicialmente o Ministério de Relações Exteriores, depois foi para a Fazenda e acabou amparado pelo sucesso do Plano Real para disputar a sucessão.

“Existe a conversa de que o Serra aceitaria participar de um novo governo nesse formato, mas não parece uma decisão sensata, nem factível. É como dizia Marx: a história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”, opina o cientista político do Insper Carlos Melo.

Autor do livro Collor, o ator e suas circunstâncias, Melo cita que o PSDB está numa situação difícil diante das discussões sobre crise atual. “Os tucanos estão de carona, não são motoristas e nem vão ser.” Segundo ele, essa condição é acentuada pela falta de uma linha clara de atuação e pelas disputas internas. “O PSDB acaba deixando se levar pelas ruas, pelo Eduardo Cunha [presidente da Câmara], mas ninguém sabe o que realmente o partido quer para o país – a não ser chegar ao poder.”

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