A presidente afastada Dilma Rousseff se reuniu com a Executiva do PT nesta terça-feira (28) e acertou com as bancadas da Câmara e do Senado uma oposição à agenda econômica do governo interino de Michel Temer. Dilma fez uma análise da conjuntura atual, segundo participantes do encontro, e avalia que existirá um “processo de disputa permanente” até a votação final do seu impeachment pelo Senado. A petista avalia que, caso o impeachment vença, Temer poderá sofrer ainda com consequências da Operação Lava Jato, dependendo de investigações e de denúncias de seus aliados.
Dilma disse ainda ao presidente nacional do PT, Rui Falcão, e aos líderes do PT no Senado, Humberto Costa (PE) - que reassumirá o cargo no lugar de Paulo Rocha (PA) - e na Câmara, Afonso Florence (BA), que dá sinal verde a uma proposta de plebiscito sobre novas eleições presidenciais, a ser realizado em conjunto com a eleição de outubro, desde que a ideia se viabilize no Congresso.
Dilma pediu também pediu que os parlamentarem se mantenham mobilizados no Senado. Por isso, nesta terça-feira, o bloco de oposição escolheu o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) para líder da oposição na Casa. A bancada do PT ainda trará para trabalhar como assessores ex-integrantes do governo Lula e de Dilma, para fazer uma “oposição qualificada”. O embaixador Samuel Pinheiro Guimarães trabalhará como consultor técnico do bloco de oposição.
Na batalha contra o governo Temer, o primeiro item é impedir a aprovação da PEC que limita os gastos públicos à variação da inflação.
“Os golpistas trabalham com dois cenários: conseguir aprovar o impeachment, mas a presidente acredita que eles temem que Temer seja pego pela Lava Jato”, disse o senador Humberto Costa.
No caso do plebiscito, os senadores se reunirão nesta quarta-feira (29) para discutir alternativas sobre o assunto. Na segunda-feira (27), antes do encontro com Dilma, a bancada de dez senadores do PT se encontrou com Rui Falcão para discutir a mobilização a partir de agora e a proposta de plebiscito.
A presidente Dilma disse não ter “nada contra”, mas ponderou que uma proposta nesse sentido tem que ser costurada para ter apoio dos movimentos sociais, que divergem sobre o assunto.
“Essa tem que ser uma proposta viável”, disse Dilma, segundo petistas.
O senador Humberto Costa, que reassumirá a vaga de líder, disse que a ideia é conseguir apoio para elaborar um projeto de resolução prevendo a realização do plebiscito.
“Mas precisamos de 1/3 de apoiadores para apresentar um projeto de resolução sobre plebiscito. Sou a favor”, disse Humberto Costa.
O líder do bloco de oposição, senador Lindbergh Farias (PT-RJ), já começou nesta terça-feira sua atuação e falou em plenário contra a proposta de Temer de abrir o mercado de aviação a empresas estrangeiras em 100%.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sentiu a reação e cumprimentou Lindbergh. Vai engrandecer o debate nesse momento que temos no Brasil”, disse Renan.
O encontro foi realizado no Palácio da Alvorada e regado a água e café.
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