Na esfera federal, o governo Dilma Rousseff pretende mudar a previdência do funcionalismo o mais rápido possível, antes que aumente significativamente a quantidade de aposentados. O Planalto inclusive está segurando a realização de concursos. Isso porque os novos servidores já ingressariam submetidos às novas regras, que aliviam o rombo previdenciário. Para os atuais funcionários, continuariam a valer as normas em vigência.
A votação do Projeto de Lei 1992/07 que institui previdência complementar para os servidores federais e iguala o teto da aposentadoria pública à paga pelo INSS (hoje em R$ 3.916) pode ser votado nesta semana na Câmara dos Deputados. Hoje, um servidor federal pode se aposentar ganhando até R$ 26,7 mil.
Apesar da pressa do Planalto, a proposta enfrenta resistências da oposição, dos sindicatos e da própria base de Dilma, que precisa ser convencida sobre os benefícios do projeto.
O funcionalismo critica o projeto. "Somos totalmente contrários. Trata-se de um estudo que não foi discutido com o servidor. Os servidores vão contribuir mais para receber o que já é de direito, com base na lei atual", diz Maria Helena Sene Brito, presidente do Sindicato dos Servidores Federais no Rio de Janeiro.
Mas em outubro do ano passado, o ministro da Previdência, Garibaldi Alves, considerou o momento propício para a instituição do Funpresp fundo destinado aos servidores federais que queiram ganhar mais do que o teto do INSS. O motivo: o fato de 40% dos servidores federais estar perto da aposentadoria.
Economistas dizem que a mudança é inevitável. "Será necessário repensar o modelo de aposentadoria", diz Antoninho Caron, professor do programa de mestrado em Organizações e Desenvolvimento da FAE.
O doutor em Economia José Guilherme Vieira concorda: "Há um grupo de pessoas que defendem o déficit nessa área como inevitável. Eu não compartilho dessa opinião e enxergo o que a situação vai ocasionar: aumento de impostos para cobrir a falta de arrecadação".
Vieira explica que a alteração da pirâmide etária brasileira transformou o sistema previdenciário nacional. "Antes, na década de 1970, era um sistema de repartição simples, como uma vaquinha. Todos trabalhavam para financiar quem parou de trabalhar", explica. A exemplo do que ocorreu na Europa, esse sistema deixa de ter efeito com o envelhecimento da população: são menos pessoas trabalhando e mais para receber.
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